Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com. Publicado originalmente em inglês em 09/04/2021
As ações dos mercados emergentes foram um dos grupos mais aquecidos de 2020. Mas isso começou a mudar no fim de janeiro e início de fevereiro, como é possível constatar pelo fundo iShares MSCI Emerging Markets (NYSE:EEM), que já se desvalorizou até agora 7,4%. O declínio pode não ter acabado, com base em análises do mercado de opções.
Uma razão para a recente fraqueza nos mercados emergentes é o fortalecimento do dólar e a alta das taxas de juros nos EUA. Isso está reduzindo o apetite dos investidores para ativos de riscos, ao mesmo tempo em que aumenta os custos de economias que podem estar realizando grandes quantidades de negócios ou emitindo dívida em moeda americana.
Cada vez mais, o dólar mais forte ajuda a impulsionar o mercado europeu. Por exemplo, o euro se enfraqueceu substancialmente frente à moeda americana.
Isso pode ajudar a aumentar a inflação e retomar o crescimento no continente europeu, ajudando a fazer mercados acionários, como o da Alemanha, a atingir máximas recordes.
Cabe lembrar que o Reino Unido não faz mais parte da UE e viu a libra esterlina se desvalorizar, ajudando o mercado acionário a atingir níveis mais altos desde o início da pandemia.
O avanço do dólar é uma faca de dois gumes, já que não exerce efeito igual em todos os mercados. Isso tem feito os traders de opções assumirem apostas, portanto a pressão de venda nos mercados emergentes ainda não acabou. No dia 7 de abril, houve um aumento de 32.000 contratos em aberto no EEM a US$ 51 para 21 de maio. Tudo indica que essas opções de venda (puts) foram compradas por cerca de US$ 0,45 por contrato. O que sugere que o preço do EEM pode cair até aproximadamente US$ 50,55. Isso representaria um declínio de mais 6,6% ao longo das próximas semanas.
Além disso, houve um aumento significativo de 10.000 contratos em aberto em 8 de abril nas puts a US$ 45 para 18 de março de 2022. Essa é uma aposta de prazo bem longo, percorrendo quase um ano inteiro.
Tudo leva a crer que o trader pagou cerca de US$ 2 por contrato, sugerindo que o EEM está sendo negociado abaixo de US$ 43 no próximo ano, uma queda de quase 21%.
Se estivermos realmente diante de um cenário de queda, os gráficos técnicos não sustentam essa visão. O EEM conseguiu se segurar acima do nível crítico de suporte técnico a US$ 52.
Até que esse nível de suporte seja rompido, parece-nos pouco provável que ocorra um declínio tão significativo. Existem vários níveis de suporte pelo caminho, e um rompimento de US$ 52 pode fazer com que o ETF corrija até US$ 50, tornando as opções de maio uma candidata viável, mas as de março de 2022 podem ser mais difíceis de atingir.
Um declínio mais acentuado nos mercados emergentes gerará um fortalecimento ainda maior do dólar e um salto da taxa de juros a patamares mais altos. Em vista da forte recuperação econômica que está acontecendo nos EUA, isso parece bastante factível. No entanto, se isso acontecer e o euro se desvalorizar frente ao dólar, pode representar um grande revés para mercados na Europa nos próximos meses.
Em outras palavras, embora pareça que os mercados emergentes irão sofrer no curto prazo devido à alta do dólar, nem todos os mercados externos devem ter o mesmo destino.