Os mercados evitam ajustar os preços dos ativos depois do susto com a inflação ao consumidor nos Estados Unidos (CPI) e tem na agenda econômica desta quinta-feira (15) um novo teste. Dados sobre as vendas no varejo (10h30) e a indústria norte-americana (11h15) calibram as apostas sobre quando o Federal Reserve começa a cortar os juros.
Ontem (14), o Ibovespa se beneficiou do dia de alívio em Nova York, com a alta dos índices das bolsas por lá reduzindo o ajuste negativo por aqui. Mas o problema na bolsa brasileira tem sido a saída de recursos estrangeiros. Os gringos já venderam R$ 12 bilhões em ações locais neste começo de ano, o que representa cerca de 25% do total alocado em 2023.
A questão é entender a razão da retirada maciça de capital externo do risco doméstico. Esse movimento é motivado justamente pela frustração com a expectativa de queda mais rápida dos juros nos EUA. Com os rendimentos das Treasuries ainda atrativos, os estrangeiros se sentem menos dispostos a arriscar mais.
Parece estranho, mas faz sentido
E o mesmo racional vale para a renda fixa brasileira. Isso porque menos cortes nos juros dos EUA reforçam a perspectiva de taxa Selic mais elevada por aqui. Ou seja, se os investidores locais não veem incentivo para migrar para a renda variável, por que os não-residentes deveriam se sentir estimulados?
Portanto, são fatores externos - e não internos - que penalizam o Ibovespa, adiando o rali de 2024 rumo aos 140 mil pontos. Ao mesmo tempo, esses mesmos fatores acrescentam prêmios na curva de juros futuros e mantêm o dólar colado à faixa de R$ 5,00. Afinal, dentre as economias emergentes, o Brasil desponta como um das mais atraentes.
Basta olhar para o lado, na Argentina, ou mais distante, para a China. Aliás, os chineses comemoram a chegada do dragão de madeira em meio aos desafios econômicos à altura da figura mitológica. Essa longa pausa do outro lado do mundo não deve ser vista apenas como um fator de risco a menos, pois na mitologia chinesa o dragão pode ser bonzinho…