As incertezas internas e externas, quer políticas ou econômicas são responsáveis por movimentos de momento irracionais e exacerbados a qual temos assistido quer no câmbio, quer na bolsa.
Tenho alertado que tais movimentos poderiam não ter sustentabilidade, sendo somente fruto do momento e de especulação.
O que mais tem agitado o mercado é o cenário político, principalmente a possibilidade de impeachment da presidente Dilma, que quando ganha força o mercado irracionalmente entra em euforia.
É certo que este governo e presidência está esgotado, está no limiar de sua sustentabilidade e agora procura até resgatar o ex-presidente Lula, como isso pudesse ser a solução. Sobre este aspecto não posso também deixar de referir se a sua nomeação é para obter foro privilegiado e procurar se refugiar STF e não cair nas mãos do juiz Sérgio Moro.
Tento evitar comentários políticos neste site, porque a sua gênese é econômica e de investimentos, mas é difícil ou impossível dissociar a situação política da econômica.
Basta analisar o desenvolvimento da operação Lava Jato e o impacto que tem no câmbio e na bolsa, para se perceber, que ao analisar o mercado tem que se ter em conta também o aspecto político e as suas repercussões.
É transversal em todos as economias que a política tem uma influência importante assim como o modelo político adotado, que por muitas vezes é determinado pelo caráter ideológico.
Não é novidade que qualquer mercado tem oscilações, muitas exacerbadas por momentos e eventos, conforme as notícias e os dados econômicos quer a nível interno e externo vão sendo divulgados. Veja-se por exemplo a valorização do petróleo o impacto que teve no câmbio e na bolsa, assim como a valorização momentânea do aço na China.
O mais importante neste momento não só a mudança de governo e da presidência, é o modelo econômico que está a ser seguido, e me pergunto até se neste momento existe algum modelo e estratégia económica no Brasil.
Desengane-se quem pensa que só a mudança política será a solução e a mesma com um modelo ajustado a realidade do pais e assertivo que os resultados serão todos imediatos.
Haverá com certeza resultados que se sentirão de imediato se o modelo aplicado for o melhor, mas elementos que levaram mais tempo ou muito mais tempo a surtir o efeito e a obter o resultado desejado.
Provavelmente os mais imediatos serão a bolsa e o câmbio, pelo possível ganho de confiança, mas em termos de ajuste fiscal, dívida pública, desemprego, crescimento, inflação e muitos outro o seu efeito será forçosamente deferido, sem previsibilidade temporal alguma fiável.
Sem desprimor pelos economistas consulados pelo BC para a elaboração do boletim Focus, pessoalmente só o leio e analiso na diagonal, no meio de tantas incertezas, o boletim pode pecar por excesso, defeito ou até acertar, não acho é que se consiga ter previsão de qualquer coisa neste momento.
O mercado está reboque e continuará a reboque da situação política e das notícias ou revelações que vão sendo publicadas e divulgadas, originando em momentos movimentos de euforia irracional ou de depressão.
Para já a bola está a recuar e o real a desvalorizar passado este momento de euforia, até aos próximos acontecimentos, que podem levar a uma nova euforia ou a uma maior depressão.
Neste momento até evito de fazer alusão os dados macroeconômicos e aos seus valores, até porque são do conhecimento da maioria dos leitores, e neste momento o foco principal e condicionante do mercado é o cenário político.
Nunca é demais alertar, como tenho vindo a fazer, que os tempos atuais são de muita prudência e cautela, está tudo muito incerto e confuso. Qual projeção neste momento está fadada ao erro ou pelo menos tem uma probabilidade de acerto próxima de zero.