O mercado doméstico voltou para onde estava no início deste mês. O Ibovespa caiu 1% ontem e retrocedeu ao nível de 8 de julho, reduzindo os ganhos mensais para pouco mais de 2%. Nem parece que até outro dia a bolsa brasileira cravava uma sequência de 11 altas, no quinto melhor desempenho positivo deste século.
Já o dólar retomou a trajetória de alta ontem, após interromper no dia anterior três altas seguidas. A moeda norte-americana segue firme rumo à marca de R$ 5,60, que foi superada recentemente com o impulso de declarações do presidente Lula. Será que se ele ficasse calado o dólar estaria abaixo de R$ 5,00?
Pode-se dizer que essa volatilidade dos ativos de risco neste início de segundo semestre reflete a incerteza do cenário. Enquanto aqui ainda pesa o risco fiscal, com os investidores convictos de que o bloqueio de R$ 15 bilhões nos gastos públicos é insuficiente para alcançar a meta deste ano; lá fora surgem novos focos de tensão.
E não se trata apenas da corrida presidencial pela Casa Branca, que mostra Kamala Harris no páreo contra Donald Trump. Desta vez, a decepção vem das big techs. Os balanços de Tesla (NASDAQ:TSLA) e Alphabet (NASDAQ:GOOGL), divulgados ontem à noite, deram a largada entre as gigantes do setor e colocaram em xeque o desempenho das ações das Sete Magníficas.
O que se viu nos resultados dos dois primeiros membros do seleto grupo não foi suficiente para manter o ímpeto das ações, que ficaram caras demais. O futuro do índice Nasdaq lidera a queda em Nova York nesta manhã, caindo mais de 1%. No pré-mercado, as ações da empresa do bilionário Elon Musk tombavam 7% e a da dona do Google cedia 3%.
Agenda não traz trégua
Ao longo do dia, há poucos catalisadores capazes de mudar essa direção dos mercados. A agenda local fraca deixa os negócios por aqui à mercê do exterior. Lá fora, saem apenas dados de atividade.
Aliás, as commodities seguem pressionadas pelo ritmo mais lento da economia global. O petróleo se segura depois de fechar no nível mais baixo desde junho, enquanto o minério de ferro voltou a cair em meio à decepção com a menor demanda da China.
Será que os investidores estavam esperando por mais um megapacote de estímulos vindo de Pequim, tal qual se viu na crise de 2008, ao final do encontro de líderes? Logo o mercado, que vive de antecipar movimentos, está olhando para trás, querendo voltar no tempo.