O mercado financeiro está naquele momento quando o bom é ruim e quando o mau, não é tão ruim assim. Explico. Dados econômicos dos Estados Unidos divulgados neste início de semana reforçaram as chances de o Federal Reserve cortar a taxa de juros em breve não por causa da melhora da inflação, mas sim devido à piora da atividade.
Na segunda-feira (3), o índice ISM da indústria caiu a 48,7 em maio, aprofundando-se no território que indica contração e contrariando a previsão de estabilidade em 49,6. Ontem, o relatório Jolts mostrou que a abertura de postos de trabalho nos EUA caiu a 8,1 milhões em abril, também abaixo do previsto.
A ver o que mostram hoje a pesquisa ADP sobre o emprego no setor privado americano (9h15) e os índices PMI (10h45) e ISM (11h) sobre a atividade no setor de serviços. Se confirmada tal visão, o Fed pode precisar cortar a taxa de juros até mais de uma vez neste ano para ajudar a sustentar a economia.
Por aqui, a boa notícia é má. Depois de reclamar do “emprego demasiadamente forte” no Brasil - com a pressão dos salários podendo gerar inflação - o mercado doméstico não escondeu a decepção com o crescimento da economia brasileira acima do esperado no primeiro trimestre deste ano. Ou seja, esse “excesso de aquecimento” desagrada.
A explicação também é simples: ambos os indicadores apontam para menos espaço para a taxa Selic cair. Ontem, até mesmo a queda residual de 0,25 ponto neste mês foi colocada em xeque. O resultado: incorporação de prêmios em todos os vértices da curva de juros futuros, dólar no maior nível em mais de um ano e o Ibovespa abaixo dos 122 mil pontos.
Hoje, a atenção se volta aos números de abril da produção industrial (9h). A torcida dos investidores é para que o dado venha mais próximo do piso das estimativas, de queda de 1%, do que do teto das projeções, de alta de 1%. Esse intervalo tão largo das previsões mostra a dificuldade do mercado em ver o copo meio cheio, preferindo-o meio vazio.