O mercado financeiro queimou a largada de 2024, ainda mais considerando-se que o desempenho em janeiro de 2023 foi exatamente o oposto. O Ibovespa (IBOV) acumula duas quedas em três sessões neste início de ano, enquanto o S&P 500 ainda não fechou em alta nesta semana. Apenas o Dow Jones mais subiu do que caiu no mesmo período.
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Esse comportamento ruim dos principais índices acionários na B3 (BVMF:B3SA3) e em Nova York no ano-novo ainda não é um problema. Mas pode ser um sinal de que as coisas não serão tão fáceis quanto os investidores esperam. Ou seja, não é que não haverá cortes nos juros dos Estados Unidos neste ano.
Talvez, o Federal Reserve apenas não comece a flexibilizar a política monetária já em março, adiando para maio (ou depois) o início do desaperto. Além disso, a queda total projetada pelo mercado, de 1,5 ponto porcentual (pp), levando a taxa para 4% ao final de 2024, pode ser exagerada, com o ciclo de alívio sendo menos intenso do que o previsto.
O problema é que os mercados vêm ignorando os alertas do Fed e ajustam os preços dos ativos de risco às narrativas que refletem o posicionamento adotado - mais dogmático do que pragmático. Essa postura antecipa, em muito, um cenário de mudanças extremas na economia global, que demoram para se confirmar. Daí, então, vem a inércia.
Payroll ajusta mercado
Após uma rodada de indicadores econômicos mais fortes que o esperado nos EUA nos últimos dias, o relatório oficial sobre o mercado de trabalho norte-americano (payroll) nesta sexta-feira (5) pode ajustar essas apostas, corrigindo o otimismo de corte do juro já neste primeiro trimestre. Do contrário, dificilmente deve melhorar o apetite por risco.
A estimativa é de que a criação de vagas desacelere a 170 mil, depois da abertura de 199 mil postos de trabalho em novembro. Se confirmado, os EUA terão criado 2,7 milhões de empregos em 2023, com a taxa de desemprego subindo a 3,8%. Já a alta do salário médio em dezembro deve ficar abaixo dos 4%, no menor ganho anual desde meados de 2021.
Os números efetivos saem às 10h30 e serão conhecidos após a pesquisa ADP apontar a abertura de mais vagas que o esperado no setor privado dos EUA em dezembro, apesar do menor número de vagas em aberto em quase três anos no país em novembro (Jolts). Ao mesmo tempo, os pedidos semanais de auxílio-desemprego ficaram abaixo do esperado.
Ainda na agenda econômica do dia merecem atenção as divulgações domésticas, com os dados de novembro da produção industrial (9h), o resultado fiscal consolidado (8h30) e o desempenho recorde da balança comercial em 2023 (15h). Também saem números sobre a inflação na zona do euro e a atividade no setor de serviços nos EUA (12h).