Os preços externos do açúcar subiram na maior parte de março, enquanto os valores no mercado spot (à vista) de São Paulo caíram. Como resultado, a remuneração obtida com a venda do cristal no mercado paulista foi praticamente a mesma que a recebida pela exportação, segundo mostram cálculos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.
A venda da commodity no mercado paulista se mostra mais vantajosa que as exportações desde o final de outubro/15. No entanto, de 21 a 24 de março, a vantagem do spot paulista sobre a exportação foi de apenas 1,03 real/saca de 50 kg (ou de 1,37%). Enquanto a média semanal do Indicador de Açúcar Cristal CEPEA/ESALQ foi de R$ 76,59/sc (com queda de 0,62% frente à da semana anterior), as cotações do contrato nº 11 da ICE Futures (Bolsa de Nova York), com vencimento em maio/16, equivaleriam a R$ 75,56/sc (a média semanal deste contrato subiu 4,66%). Para esse cálculo, foram consideradas as médias semanais de US$ 52,67/t de fobização, de US$ 77,92/t de prêmio de qualidade (esta foi a quarta semana seguida de queda deste prêmio) e dólar a R$ 3,6415 (desvalorização de 0,97%).
No mercado internacional, as altas têm sido impulsionadas pela menor produção mundial de açúcar, em decorrência de problemas climáticos enfrentados principalmente por países asiáticos. A consultoria F.O. Licht elevou a previsão de déficit global de açúcar de 6,5 milhões de toneladas para 7,2 milhões de toneladas. Os embarques da Tailândia – segundo maior exportador global – nesta temporada devem ser 20% inferiores aos da safra passada, somando cerca de 7,1 milhões de toneladas, segundo o Escritório do Conselho de Cana e Açúcar do país. O Brasil exportou 4,199 milhões de toneladas de açúcar de janeiro a fevereiro deste ano, volume 22,4% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo a Secex.
Já no spot paulista, a pressão vem, principalmente, do início antecipado da moagem da safra 2016/17 por parte de algumas usinas. A Unica estima que 120 unidades produtoras estejam em operação no Centro-Sul até o final de março, em comparação com as 75 do início deste mês. Além disso, as chuvas neste mês têm sido rápidas, não interrompendo a colheita da cana-de-açúcar por longos períodos. A demanda, por sua vez, segue relativamente baixa. Nessa segunda-feira, 28, o Indicador CEPEA/ESALQ do açúcar cristal cor Icumsa entre 130 e 180, mercado paulista, fechou a R$ 76,84/saca de 50 kg, baixa de 3,23% no acumulado parcial deste mês.
TRIGO: Preço ao produtor volta a subir no Sul do País
Os valores do trigo pagos ao produtor voltaram a subir no Sul do País, mesmo diante do enfraquecimento do dólar nas últimas semanas, que tende a facilitar as importações do cereal. Segundo colaboradores do Cepea, cooperativas e cerealistas estariam oferecendo valores maiores ao produtor no intuito de estimular o plantio do cereal.
No Paraná, a colheita da safra de verão (milho e soja) está na reta final e produtores avançam nos preparativos para o semeio de culturas de inverno. As primeiras especulações, no entanto, ainda indicam nova queda na área de trigo em decorrência, entre outros fatores, dos preços mais atrativos do milho.
No Rio Grande do Sul, o período de semeio ainda está distante, mas a expectativa até o momento também é de diminuição de área.
ETANOL: Mais usinas iniciam moagem e preço cai
O número de usinas moendo no estado de São Paulo vem aumentando, o que tem elevado a oferta de etanol no mercado paulista e, consequentemente, pressionado as cotações do combustível.
O Indicador CEPEA/ESALQ semanal do hidratado (estado de São Paulo) registrou queda de 4,7%, passando para R$ 1,8424/litro (sem impostos, a retirar) entre 21 e 24 de março.
O Indicador do anidro recuou 1,3%, a R$ 2,0578/litro (sem impostos, a retirar). A queda do hidratado na última semana foi a maior do ano, pressionada também pela demanda relativamente baixa das distribuidoras – as compras têm sido pontuais, apenas para reposição de estoques. Nem mesmo o feriado prolongado da Semana Santa motivou maiores aquisições.