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Mercado Livre: Como uma Casa de Leilões se Tornou uma Gigante do Marketplace

Publicado 25.10.2021, 17:10
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Nome: MercadoLibre, Inc

Ticker: MELI

Fundada em: 1999, por Marcos Galperín

Preço: US$1563,09

Valor de mercado: US$72,64 bilhões

O ecossistema da Amazon.com (NASDAQ:AMZN) (SA:AMZO34) latino-americana é realmente impressionante. Sim, você leu certo. Não estamos falando da magnífica floresta amazônica, um dos maiores biomas do planeta terra, mas sim do Mercado Livre (NASDAQ:MELI) (SA:MELI34), o maior ecommerce da América Latina. Hoje vamos explorar como uma casa de leilões fundada no auge da bolha das ponto com conseguiu se tornar um dos maiores marketplaces do mundo.

Eu vou fazer um leilão

Se você não teve a sorte de nascer em berço esplêndido, muito provavelmente a ideia de participar de um leilão é completamente alienígena para você. Ok, talvez você já tenha visto imagens de filmes em que leiloeiros gritam “Quem dá mais? Quem dá mais?” e “Vendido para o senhor da terceira fileira”, batendo o martelo a cada vez que um negócio é fechado, mas nada muito além disso.

Apesar de serem um tanto quanto caricatos, os leilões cumprem um papel importante para a economia: neles acontece a descoberta de preço. É fácil saber quanto cobrar ou quanto pagar por um produto comum, como uma lata de refrigerante ou uma caixa de som nova, porém a situação dificulta quando estamos falando de itens raros ou antiguidades. Nesse caso os leilões têm um papel importantíssimo para a descoberta de preço, que ocorre com possíveis compradores se degladiando para arrematar um item.

A ideia de fazer um site para pessoas normais comprarem e venderem itens comuns pode parecer loucura hoje, mas precisamos lembrar que nos anos 90 a internet era como o velho oeste: um mundo de novas possibilidades, ainda com tudo a ser descoberto. E no mercado internacional já havia gigantes como o eBay (NASDAQ:EBAY) (SA:EBAY34) atuando com esse modelo de negócios com muito sucesso, que já se refletia inclusive na performance das suas ações na bolsa.

Vendo esse modelo sendo aplicado com sucesso nos Estados Unidos, o argentino Marcos Galperín, recém saído de seu MBA em Stanford, teve a ideia de replicá-lo não apenas em seu país natal, mas em toda a América Latina, confiante de que esse bloco de países de renda média rapidamente se adaptaria à era digital e ofereceria grandes oportunidades de crescimento para o mercado de varejo.

22 anos depois vemos que Galperín estava certo: por mais estranho que oferecer lances para comprar um videogame ou uma câmera fotográfica possa parecer, a empresa se consolidou como um intermediário confiável e cresceu vertiginosamente. Até mesmo o eBay, fonte de inspiração para o empreendedor argentino, investiria na companhia em 2001, adquirindo 19,5% do seu capital, realizando a venda de sua posição em 2016. E seguindo o ditado que diz que triste é o mestre cujo discípulo não o supera, hoje o Mercado Livre tem um valor de mercado de quase duas vezes do seu primo americano.

De Ushuaia a Tijuana

Hoje presente em dezoito países, os leilões ficaram na história e o Mercado Livre dominou o continente. Atualmente a companhia atua no Brasil, Argentina, México, Uruguai, Colômbia, Chile, Peru, Venezuela, Equador, Costa Rica, República Dominicana, Panamá, Bolívia, Guatemala, Paraguai, Nicarágua, Honduras e El Salvador. Atuando em uma região com cerca de 650 milhões de pessoas, no ano passado o Mercado Livre teve 132 milhões de usuários ativos. Ou seja, uma em cada cinco pessoas da região utiliza os serviços da gigante de ecommerce. E a julgar pelos resultados recentes, esse número vem aumentando: apenas no segundo trimestre de 2021 esse número foi de 75,9 milhões.

Isso contribui para que o setor de ecommerce da companhia tenha números absolutamente ridículos: apenas no segundo trimestre de 2021, mais de 244,6 bilhões de itens foram vendidos na plataforma. Não precisa limpar os óculos ou o monitor, é isso mesmo, você leu certo. Foram 244,6 bilhões de produtos vendidos em apenas três meses, o que representa um aumento de 27% ano a ano. No total, a plataforma tem mais de 319,1 bilhão de itens listados.

Com um GMV de US$7 bilhões apenas entre abril e junho de 2021, o setor de ecommerce é fundamental para a companhia, mas ele sozinho não seria capaz de transformar o Mercado Livre em uma das maiores companhias da região. Para isso é preciso oferecer muito mais. E foi isso que eles fizeram.

O sistema

Se você está operando um empreendimento em países ainda em desenvolvimento, são grandes as chances de encontrar problemas em todas as camadas. Infraestrutura, logística, serviços financeiros e muitos outros podem ser os gargalos para o crescimento da sua operação. A América Latina se encontra em posição privilegiada em relação ao mundo em desenvolvimento, mas isso não significa que ela já esteja próxima aos países desenvolvidos. O alto risco de crédito cria um setor bancário concentrado com taxas e spreads elevados; o relevo acidentado da região cria pesadelos logísticos que não são encontrados nas planícies europeias ou do meio-oeste americano.

Pensando nisso e encarando os desafios como oportunidades, o Mercado Livre criou um robusto ecossistema de serviços para verticalizar suas operações de modo a permitir um maior crescimento de sua operação de varejo. A companhia hoje oferece seis serviços integrados: o marketplace do Mercado Livre; a fintech Mercado Pago que atua no mercado de adquirência e transações financeiras; o Mercado Envios, que cuida da logística; o Mercado Livre Ads, plataforma de anúncios online; o Mercado Livre Classificados, para anúncios de veículos e imóveis e o Mercado Lojas, que fornece soluções de front-end para a criação de ecommerces.

Não tenha dúvidas: todas essas iniciativas não são apenas penduricalhos ou apêndices do setor de varejo. Apenas no segundo trimestre de 2021, o Mercado Envios foi responsável pela distriuição de mais de 230 milhões de produtos, crescimento de 46,4% em relação ao ano anterior, enquanto que o volume total de pagamentos realizados pelo Mercado Pago foi de mais de US$ 17,5 bi nos mesmos três meses, crescimento de 72,2%. O braço financeiro da companhia não se restringe apenas à adquirência e transferências, tendo também um fundo de renda fixa chamado Mercado Fondo, com US$810 milhões sob custódia e mais de 19,3 milhões de usuários ativos. Além disso, também há o Mercado Credito, que oferece adiantamento de recebimentos para os comerciantes e tem hoje mais de US$800 milhões em seu portfólio, crescendo cerca de 5x desde o mesmo período em 2020.

Sambando na concorrência ou preparando o último tango?

Todo esse poderoso ecossistema faz com que o Mercado Livre seja um gigante gerador de caixa: apenas no segundo trimestre de 2021, a receita líquida foi de US$1,7 bilhão, crescimento de 102,6% em relação ao ano passado, em que as vendas já haviam crescidos com comerciantes e consumidores sendo empurrados para ecommerce graças à pandemia da covid-19. Ainda que o core business da companhia seja o marketplace, responsável por US$1,1 bi, o braço financeiro também trouxe ganhos importantes, gerando US$560 milhões de receita líquida, crescimento de 88,9% em relação ao mesmo período no ano anterior.

Isso no entanto não quer dizer que não haja dificuldades ou obstáculos para o crescimento da companhia. Instalado em uma região politicamente e economicamente instável, o Mercado Livre está sujeitos a riscos regulatórios e cambiais que não podem ser desconsiderados. Basta lembrar que apenas em 2021, o real, moeda utilizada em seu principal mercado, se desvalorizou 8,79% em relação ao dólar, o que pode impactar a receita da companhia.

Além disso, a companhia também enfrenta concorrência acirrada composta por competidores eficientes e bem capitalizados: apenas no Brasil, o Mercado Livre compete com Magazine Luiza (SA:MGLU3) e Lojas Americanas (SA:LAME4). No cenário internacional, há ainda a concorrência com a gigante Amazon, que aparentemente ainda está apenas aquecendo para sua entrada de peso na América Latina, mas que conta com grande experiência, know-how e caixa suficientes para intimidar qualquer outro concorrente que possa cruzar seu caminho.

A possibilidade da chegada de um gringo poderoso sempre assusta, mas é importante ter em mente que há sempre entraves regulatórios e culturais que podem dificultar a entrada de um competidor estrangeiro, basta lembrar que um dos maiores gigantes do varejo mundial, o Walmart, abandonou o Brasil em 2018. Operando em um mercado com poucas barreiras de entradas como o varejo, resta saber se o livre mercado permitirá que o Mercado Livre sambe em cima da concorrência ou se seu destino será trágico como um bom tango argentino.

 

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