China Evergrande Group (HK:3333) é uma empresa listada na bolsa de Hong Kong, uma das maiores incorporadoras imobiliárias da China e uma das maiores empresas do mundo em receita, tendo investimentos em diversos outros setores como clube de futebol, tecnologia, parque de diversão, turismo, internet, seguro, saúde, carros elétricos, entre outros. Mas como uma empresa grande e aparentemente consolidada poderia afetar de forma tão negativa o mercado? O grupo adquiriu muitas dívidas nos últimos anos e atualmente opera praticamente com default em seu caixa, além de um passivo declarado de US$ 300 bilhões, e de possuir 200 mil funcionários diretos e 3,8 milhões indiretos (aproximadamente).
O temor entre os investidores é que esse gigante do setor imobiliário entre em processo de falência, desencadeando grande instabilidade no setor econômico e social em todo o mundo. Pequim já está considerando a Evergrande como uma empresa de endividamentos alarmantes e riscos financeiros sistêmicos. Rumores de fornecedores e empresas terceirizadas que não estão recebendo pagamento rondam as notícias.
A ação já perdeu mais de 70% do seu valor na bolsa. Hoje iniciamos o dia com o papel despencando -10%, trazendo um estresse global. Hong Kong caiu -3,30%. Na Zona do Euro as bolsas operam todas no vermelho, com destaque para Alemanha, o carro chefe da Europa, com queda de - 2,30%, nos Estados Unidos os índices de Nova York caiam aproximadamente -1,5% e no Brasil o índice futuro Bovespa abriu com uma queda de aproximadamente -2%.
Mas uma única empresa pode causar um estrago tão grande no mercado? Além da ameaça de calote, podendo afetar diretamente as instituições financeiras, o setor imobiliário é um dos pontos fortes na China, foi responsável por acumular aproximadamente 23,5% dos investimentos no ano anterior e pela reestruturação da economia após as primeiras ondas da pandemia do novo coronavírus.
Entenda, o problema não é ela quebrar, mas sim o efeito dominó que ela pode causar. As autoridades temem com uma nova “bolha imobiliária” devido ao possível colapso hipotecário, com a concessão de empréstimos hipotecários de alto risco, e crise de crédito através de transferência de CDS e CDO, ou seja, transferindo o risco para a contraparte, isso logo após a "recém saída” da crise da covid-19, podendo levar grandes instituições financeiras a falência.
A empresa, junto com seus consultores financeiros, buscam investidores para seus serviços imobiliários e compradores para suas peças de veículos elétricos e seu escritório em Hong Kong. O governo de Pequim pode ajudar a “segurar as pontas” intervindo para limitar as consequências caso a Evergrande entre em default.
Cuidado, são nesses momentos que percebemos que o fundo do poço pode ter um alçapão!