Depois de tabular os próprios números do instituto pesquisador e chegar a resultado diferente, o mercado financeiro, a despeito de nova pesquisa divulgada pelo mesmo instituto, demonstrou confiar mais em suas habilidades de cálculos e teve um comportamento absolutamente normal ontem.
Cauteloso, contudo não convicto nos indicativos das mais recentes pesquisas.
Afinal, os desencontros marcantes das pesquisas no 1º turno sancionam a cautela e falta de convicção presentes.
Dólar e Bovespa fecharam na linha da estabilidade, após semanas.
E tudo leva a crer que assim será na quinta e sexta-feira, porém não se descarta que na sexta-feira possa ser desenvolvido um movimento indutor de formação de convicção a partir do mercado financeiro de que a oposição possa sair vencedora.
Enfim, tudo é válido na reta final.
Na segunda feira o Brasil voltará a conviver com os seus desencontros e diagnósticos ruins, e seja Dilma ou Aécio, há uma realidade extremamente desafiadora para que o país se reencontre com as perspectivas de crescimento e recuperação de credibilidade e atratividade.
Tarefas árduas, muito mais difíceis do que as falas de promessas que se tem assistido nos horários eleitorais e debates políticos.
O setor externo continuará sendo um grande desafio para o novo governo e sua colocação em perspectiva favorável dependerá, sem dúvida, de uma enormidade de acertos na política econômica para redirecionamento ao crescimento, na política fiscal para viabilizar investimentos por parte do governo e não deixá-lo exposto ao risco de perda de rating da nota de crédito e quem sabe do grau de investimento, na motivação dos investimentos na indústria para dinamizá-la tornando-a competitiva. Enfim, inflação, juros, etc.
E uma certeza, mais do mesmo não fará o país voltar a crescer. Agora é preciso investimentos e o país precisa recompor sua atratividade.
E na ponta final destes acertos com o retorno da credibilidade e atratividade, o país precisará reconquistar fluxos de recursos intensos e volumosos para gradualmente reduzir a expressiva intervenção no mercado de câmbio com contratos de “swaps cambiais” que tem se prestado à compra de credibilidade para o real, condição que por si só não dispõe desde muito.
Armínio Fraga, futuro Ministro da Fazenda se Aécio ganhar, colocou a ideia de interromper o programa de “swaps cambiais” com a redução gradual do estoque, mas ficou mal explicado quem sabe intencionalmente. No nosso entendimento o real ainda precisará estar ancorado em algum instrumento de suporte por um bom tempo, afinal são US$ 100,0 Bi em contratos de swaps cambiais e mais US$ 16,0 Bi em posições vendidas dos bancos constituídas para gerar liquidez no mercado à vista.
Não há como admitir-se um melhora intensa de fluxo de recursos externos no caso da oposição vencer, da mesma forma que se vê até menor esta perspectiva se a situação se reeleger pela baixa probabilidade de ocorrência de algo novo, por isso interromper o programa sugere que haja um outro instrumento, quem sabe, como destacamos ontem, ORTN´s com correção cambial.
País crescendo pouco, inflação e juro alto, sem falar na carga tributária, são fatores opositores aos objetivos imediatos do governo de atrair investimentos. Conceitualmente o Brasil é um país caro comparado com seus concorrentes nos investimentos estrangeiros.
Por tudo isto é modesta a perspectiva de mudanças efetivas no câmbio no curto prazo, devendo o país continuar convivendo com mais do mesmo, com pequenas variações de estratégia sem potencial de imputar mudanças relevantes e rápidas.
Hoje o Banco Central divulgou o fluxo cambial até o dia 17, negativo em US$ 665,0 M, sendo positivo US$ 2,032 Bi no comercial e negativo US$ 2,697 Bi no financeiro. No ano o fluxo é modestamente positivo em US$ 678,0 M, sendo US$ 5,520 Bi positivo no comercial e US$ 4,842 Bi negativo no financeiro. Observa-se que na ultima semana houve ingressos no comercial de US$ 3,7 Bi, provavelmente de exportações liquidadas que estavam com os recursos no exterior e aproveitaram a alta do preço da moeda americana ocorrida no Brasil, o que melhorou a performance comercial no mês. Contudo, o passivo comercial a ser liquidado (exportações liquidadas versus importações efetivadas e não liquidadas) passou a ser maior.
A tendência efetiva para o preço da moeda americana no Brasil é de apreciação, independente de qual candidato seja eleito, pois o quadro negativo da economia brasileira não tem solução de curto prazo.