O mercado financeiro avalia que o surto de casos e óbitos de coronavírus nos Estados Unidos e na Europa está diminuindo o suficiente para que as lideranças desses países tomem medidas para tentar reabrir suas economias. E essa percepção resgata o apetite por risco nos negócios no exterior, após as perdas registradas ontem.
Aqui no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro também pretende relaxar as regras de isolamento social por meio da troca do ministro da Saúde, após o revés imposto pela Suprema Corte (STF), que confirmou o poder de estados e municípios para adotar medidas restritivas. A expectativa é de que Luiz Henrique Mandetta deixe o cargo ainda nesta semana, enquanto o Palácio do Planalto avalia os cotados para substituí-lo.
Ainda assim, a projeção é de que o número de casos confirmados da covid-19 no Brasil irá dobrar nos próximos dez dias, após alcançar ontem quase 30 mil infectados e mais de 1,7 mil mortes, oficialmente. Portanto, o país ainda não parece ter atingido o pico da doença, que pode chegar a quase 40 mil contaminados antes do fim do mês.
Já no exterior, as principais bolsas europeias abriram em alta e os índices futuros das bolsas de Nova York amanheceram no terreno positivo, diante dos planos de retomada gradual da atividade econômica no Velho Continente, em especial na Alemanha. Nos EUA, o presidente Donald Trump deve anunciar hoje as diretrizes para a reabertura do país em breve, após o “confinamento” resultar no desemprego de mais de 16 milhões.
Na Ásia, a sessão de perdas - exceto Xangai (+0,3%). O destaque ficou com a queda de mais de 1% da Bolsa de Tóquio, após o Japão declarar estado de emergência em todo o país, em meio ao crescimento no número de casos de coronavírus. O dólar ganha terreno em relação ao iene e também avança frente às moedas europeias e correlacionadas às commodities. O petróleo, por sua vez, se recupera e sobe.
O fato é que após o rali dos mercados globais na semana passada, o comportamento dos ativos de risco nesta semana sinaliza a busca por certa estabilização, o que abre espaço para uma recuperação das perdas na véspera. Tanto que a volatilidade dos negócios está bem mais baixa, ao passo que os intervalos de oscilação estão bem mais curtos.
Mas isso não significa que o pior já passou. O cenário econômico global segue incerto, com a situação da pandemia ainda delicada em vários países, o que mantém dúvidas sobre quando (e como) a atividade será retomada - e em que nível. Dessa forma, ainda é cedo para dizer que a crise do coronavírus ficou para trás.
China em destaque
A agenda do dia traz como destaque os números do Produto Interno Bruto (PIB) da China nos três primeiros meses deste ano, período em que o país ficou praticamente paralisado por causa do então surto de coronavírus em Wuhan, levando ao bloqueio de cidades e fechamento (lockdown) de várias atividades.
Com isso, a expectativa é de uma contração profunda do PIB, para algo em torno de -5% na comparação anual, implicando em um tombo de quase 10% em relação ao trimestre anterior. Mas os números podem ser ainda piores, já que ainda não foram conhecidos os dados de março da produção industrial e das vendas no varejo.
Esses dados serão divulgados juntamente com o resultado do PIB, bem como os investimentos em ativos fixos entre janeiro e março de 2020. Porém, todos esses indicadores chineses serão conhecidos apenas à noite, deixando a reação aos dados para amanhã.
Logo cedo, a zona do euro informa a produção industrial em fevereiro. Ao longo da manhã, nos EUA, saem os pedidos semanais de auxílio-desemprego, dados do setor imobiliário em março e o índice sobre a atividade na região da Filadélfia - todos às 9h30 -, além do balanço do Morgan Stanley (NYSE:MS). No Brasil, a agenda econômica está esvaziada.