A semana começa com um feriado nos Estados Unidos e no Reino Unido hoje, o que reduz a liquidez dos mercados globais. Na quinta-feira (30), a pausa será no Brasil, o que espreme o pregão local do dia seguinte. Ou seja, os últimos dias de maio serão arrastados no mercado financeiro, marcando o início de um longo período de pasmaceira.
Mas enquanto a falta de interesse dos investidores no exterior se deve ao início dos dias quentes de verão, com a entrada em vigor de um dos mais tradicionais jargões do mercado; aqui, o ‘venda em maio e vá embora’ parece estar acontecendo desde o início do ano. Neste mês, porém, a história é outra.
Os estrangeiros já compraram quase R$ 2 bilhões em ações brasileiras em maio até a última quarta-feira (22) - dado mais recente - indo na contramão das vendas promovidas ao longo dos quatro meses anteriores. Tanto que o saldo de recursos externos no segmento secundário da B3 (BVMF:B3SA3) está negativo em mais de R$ 30 bilhões no acumulado desde janeiro.
Essa tendência gringa de ir às compras no mercado local em maio ocorre desde a pandemia, resultando em ganhos do Ibovespa no período. Levantamento da Elos Ayta Consultoria mostra que desde 2019, a bolsa brasileira vem registrando meses de maio positivos, com valorização mais acentuada de 2020 para cá.
Porém, a queda de 3% do Ibovespa apenas na semana passada apagou a valorização da bolsa acumulada em maio. O sinal se inverteu e o índice acionário agora tem queda de 1,3% no mês. No ano, as perdas são de mais de 7%. O dólar, por sua vez, está 6,5% mais caro em 2024.
Traduzindo os números, os aportes externos no país estão sendo insuficientes para valorizar o real e impulsionar os ativos de risco. Esse apetite menor se deve ao chamado diferencial de juros. Em outras palavras, decorre da demora do Federal Reserve em iniciar os cortes na taxa e da cautela do Copom em baixar a Selic para um dígito.
Dados de inflação nos EUA e no Brasil nesta semana calibram essas expectativas. Mas o IPCA-15, amanhã (28), e o PCE, na sexta-feira (31), não devem alterar o cenário à frente sobre o comportamento dos preços ao consumidor (leia-se expectativas de inflação). O desempenho do emprego formal (Caged) no país também merece atenção.
Seja como for, os investidores já se preparam para o mês de junho, que marca também o fechamento do primeiro semestre deste ano. Com a previsão de juros mais baixos ao redor do mundo adiada para 2025, a renda fixa segue reinando, fazendo valer outro tradicional adágio no mercado, que diz que “contra fluxo não há argumentos”.