O cenário político tem dominado as atenções do mercado financeiro. O after impeachment parece que trará mudanças ao modelo de matriz econômica adotado nos últimos anos.
O clima de euforia já deve estar atenuado, o que o mercado pode estar a ter uma perspectiva exacerbada sobre o futuro da situação económica ou não, no médio e longo prazo é possível que a situação econômica tenha melhorias.
As contas públicas encontram-se deterioradas, com o mais que previsível ou já consumado déficit primário elevado.
A dívida pública irá, por conseguinte, aumentar a recessão pelas projeções aproximasse dos 4% podendo ser mais elevada.
O desemprego deverá continuar a aumentar e o rendimento disponível a diminuir.
O legado deixado pelo governo PT e Dilma não será fácil de ser invertido, as dificuldades serão enormes, sem grande margem (ou nenhuma) para aumentar impostos e aumentar o investimento, o governo terá que cortar gastos para diminuir o déficit primário o máximo possível.
É claro que não se pode esperar tal degradação económica que se reverta no curto prazo, penso que o mercado e a sociedade civil já sabe (pelo menos a maioria).
O que tenho dito é que a nível de confiança uma mudança de governo poderá com uma estrutura crível poderá ser um grande contributo no curto prazo, para que no médio e longo prazo tenhamos uma evolução económica mais favorável, se as decisões forem as melhores, não existe margem para erros e nem experiencialismos.
O BC tem tido uma postura forte agora na contenção da valorização do real, com a oferta de swaps reversos, procurando que não desça abaixo dos R$ 3,50 por dólar.
Na minha opinião não é momento para que o dólar fique abaixo dos R$ 3,50 assim como continuo a achar que deva ir acima dos R$ 4,00.
Nesta nebulosa de incertezas é muito difícil fazer qualquer tipo de projeção ou previsão, mas continuo a achar que o dólar nos R$ 3,50 a R $3,75 não terá um impacto tão relevante que altere as tendências das exportações e importações de uma forma global, os saldos da balança comercial deverão continuar positivos ao longo de 2016.
O IED depende muito do grau de confiança que os investidores estrangeiros têm na economia e no governo do Brasil no médio longo prazo.
A taxa Selic deverá ser reduzida este ano conforme a consistência de queda da inflação se mantenha.
O fluxo cambial deverá começar a apresentar melhor desempenho, mesmo com altos e baixos e terminar em 2016 positivo.
No mercado bolsista, tem havido lugar a possibilidades de bons (grandes) ganhos, ao chegar ao atual patamar de 54.000 pp, mas pode conduzir também a perdas elevadas, não vejo, mesmo que pontualmente alguns papéis (ações) estejam atrativos, motivos para este movimento de subida tão elevada e rápida.
Veremos se será sustentável no curto prazo e a médio longo prazo dependendo da situação econômica a bolsa possa continuar a ter a atual performance. (Não tenha nesta opinião qualquer indicação de recomendação de investimento).
Mas nesta nebulosa de incertezas temos que ir avaliando momento a momento o evoluir dos dados macroeconómicos, a conjuntura política e as decisões económicas.
Ainda estamos metidos numa nebulosa de incerteza em que tudo o que se diga, precifique-se ou afirme-se pode ter um grau elevado de erro. As minhas convicções podem estar certas ou erradas neste momento, elas são fruto da minha experiência e do meu pensamento.
É preciso esperar e aguardar cautelosamente pelo desenrolar dos acontecimentos. Não se deve nunca subestimar o mercado financeiro, pelo risco e pelo seu grau elevado de incerteza.
Vamos ver!!!