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Mercado Deixa Para Trás Caos da Pandemia

Publicado 02.12.2020, 09:12
Atualizado 10.01.2024, 08:22
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Depois de o Ibovespa recuperar a faixa dos 111 mil pontos, seguindo novos recordes em Nova York, apenas na primeira sessão de dezembro, o último mês do ano deu o tom do que esperar para 2021. O otimismo dos investidores em relação à aprovação de vacinas contra o coronavírus e de mais estímulos nos Estados Unidos sinaliza que o dano econômico causado pela pandemia no curto prazo não ofusca a perspectiva de um futuro brilhante.

Nesse cenário, ficam em segundo plano obstáculos envolvendo as negociações entre republicanos e democratas em torno de um novo pacote fiscal, nem os desafios de logística e distribuição para imunização da covid-19 na população mundial. Em âmbito local, também são relegados o acúmulo de pressão inflacionária e as incertezas fiscais, com o governo usando o dólar e a Selic para administrar a dívida pública, ao invés de fazer as reformas.

A questão é: quanto desse cenário otimista para o ano que vem já está embutido nos preços dos ativos de risco e, portanto, quanto espaço ainda há para uma valorização adicional dos mercados globais? Ao olhar para 2021, a perspectiva é de melhora da economia global, deixando para trás os impactos provocados pela pandemia. Ainda assim, uma série de riscos permanecem.

Portanto, qualquer desvio nesse panorama traçado pelo mercado pode acentuar a desaceleração econômica global, tornando mais provável um “duplo mergulho” da atividade e levando a um reposicionamento nos ativos. Tanto o cabo-de-guerra no front político quanto a capacidade das vacinas de prevenir a mortalidade e a transmissão do vírus devem ser consideradas. Tampouco se sabe o tempo de duração da proteção à doença.

Ainda assim, qualquer efeito prático dessas dúvidas que ainda permeiam o cenário só será sentido depois de março, quando a Casa Branca já estará sob nova direção e, talvez também, o Congresso Nacional. Ao mesmo tempo, será possível ter dimensão de quantas doses de vacinas foram disponibilizadas aos países mais pobres, que ainda não têm acordos para a vacina.

Em pausa

Ainda que o mercado só volte a olhar para os riscos a partir de abril, maio, ajustes pontuais vão ocorrer. É o caso da sinalização para o dia em Wall Street, onde os índices futuros das bolsas de Nova York apontam para uma pausa no rali, exibindo ligeiras perdas, o que contamina a abertura do pregão europeu, que amanheceu no vermelho. Na Ásia, a sessão foi sem brilho, com leves baixas em Xangai e Hong Kong e alta moderada em Tóquio.

Nos demais mercados, o dólar não tem força para recuperar o terreno perdido em relação às moedas rivais e segue cotado nos menores níveis em dois anos, mas ao menos tenta interromper a queda livre, o que reduz o ritmo de alta das commodities industriais, com o petróleo à espera de uma decisão dos países exportadores (Opep) e aliados sobre cortes de produção. A ver como os dados econômicos do dia influenciam os ativos globais.

Emprego e indústria em destaque

O desempenho da produção industrial brasileira em outubro e os números do mercado de trabalho no setor privado norte-americano são os destaques da agenda do dia. Por aqui, a expectativa é de crescimento de 1,4% da indústria em relação a setembro, na sexta alta seguida, com o setor dando continuidade à recuperação após eliminar as perdas de quase 30% entre março e abril, sob impacto da pandemia.

Já na comparação com um ano antes, a indústria deve subir 1,2%, mantendo o ritmo de alta observado no mês anterior, no mesmo tipo de confronto, quando interrompeu dez resultados negativos seguidos. O resultado efetivo será divulgado às 9h. Pouco depois, às 10h15, saem os dados da ADP sobre o emprego no setor privado dos EUA em novembro. A previsão é de criação de 380 mil vagas, ante +365 mil postos de trabalho em outubro.

Ainda no calendário econômico, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, volta a discursar, desta vez, em comissão na Câmara dos EUA, a partir das 12h. Entre os indicadores, saem os dados do Banco Central sobre a entrada e saída de dólares do país (14h30), os estoques semanais de petróleo bruto e derivados nos EUA (12h30) e o Livro Bege, do Fed (16h). No fim do dia, tem o desempenho do setor de serviços na China.

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