O fluxo de recursos para o mercado de ações continuou forte em julho e propiciou uma nova etapa no processo de recuperação das perdas de março. O Ibovespa se valorizou 8,27% e vale destacar os setores de energia elétrica com a Eletrobras (SA:ELET6) (+24,76%), serviços financeiros com a Cielo (SA:CIEL3) (+16,23%) e comércio eletrônico com a Via Varejo (SA:VVAR3) (+27,50%).
Em julho, o cenário geral foi mais estável e mostrou valorizações consistentes dos mercados em todo o mundo. No Brasil o ambiente político foi bem mais tranquilo e construtivo, criando uma situação mais favorável à aprovação de reformas econômicas e ao ajuste fiscal, que coloquem os indicadores macroeconômicos em perspectiva positiva para os próximos anos.
A pandemia continua na nossa porta e aparentemente todos teremos que aprender a conviver com ela. Isso já está acontecendo e mais rápido do que se imaginava. A economia começa a voltar a patamares anteriores, exceto aqueles setores óbvios: entretenimento, restaurantes, turismo, empresas aéreas, que demorarão bem mais para voltar ao menos próximo do que foram no passado.
As pequenas empresas com dificuldades de acesso a recursos infelizmente estão nesse grupo mais prejudicado e muitas desaparecerão.
A divulgação dos resultados trimestrais (2º tri) mostra uma evolução positiva do faturamento nos meses de abril, maio e junho.
Depois do grande socorro do governo à economia, que ao final deve custar cerca de R$600/R$700 bilhões, chegou a hora de regularizar as contas, via um ajuste fiscal consistente, que considere não apenas aumento de arrecadação, mas também cortes expressivos de despesas.
Essa é a fase que estamos vivendo agora. Reformas econômicas que potencializem o crescimento futuro do PIB, via atração de investimentos são cruciais nesse ajuste. Sem reformar e sem um ajuste coerente teremos altas dos juros mais cedo do que pensamos, destruindo toda a perspectiva positiva. Tomara que não sigamos nesse caminho.
Felizmente encontra-se em discussão muito ampla a tão esperada reforma tributária, crucial para destravar investimentos. Estamos confiantes no avanço dessa reforma nesse segundo semestre.
Uma nova fase do mercado
O fluxo de recursos para renda variável deve continuar. Os juros estão muito baixos e torna-se necessário mais risco para almejar um aumento de retorno.
No atual patamar das ações, a seletividade vai ser crucial. Ativos bons, de boas empresas, bem geridas e com perspectivas atrativas no futuro vão subir, as demais não.
Ao menos para os próximos dois meses esperamos um mercado um pouco mais volátil, com altas e baixas, relacionadas com a evolução de indicadores econômicos e de decisões do Governo/Congresso.
Existe um acúmulo de lucro dos investidores que potencializa realizações de lucros. Por outro lado, as pequenas quedas devem gerar oportunidades interessantes de compra para aqueles que acreditam em um desfecho positivo dos ajustes das contas governamentais. Quando houver uma sinalização definitiva de evolução de reformas/ajustes, poderemos ter impactos muito positivos nos preços dos ativos.
Esse cenário é muito parecido para as economias internacionais. Todos os países fizeram esforços enormes para minorar os impactos da crise pandêmica e agora entram na fase de aprovar medidas para ajustar as contas. Quem conseguir se ajustar mais rápido vai colher benefícios de crescimento no futuro também mais rápido.