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Mercado dá de ombro para bancos centrais

Publicado 19.12.2023, 08:56
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Os mercados globais têm ouvidos surdos aos discursos dos bancos centrais. Os investidores escutam as falas conservadoras das autoridades monetárias agora sobre cortes antecipados (ou maiores) nos juros em um tom semelhante a quando teve início o ciclo de aperto, dizendo que “a inflação é transitória” ou que “a taxa vai subir só um pouco”.

Foi isso o que ficou claro após a sessão de otimismo na segunda-feira (18). O Ibovespa relegou comentários recentes de dirigentes do Federal Reserve e cravou novo recorde, acima dos 131 mil pontos, acompanhando a animação das bolsas de Nova York, onde o S&P 500 caminha para nova máxima histórica.  O dólar caiu a R$ 4,90 e os juros futuros de curto prazo fecharam nas mínimas.

Nesta manhã, os ativos de risco parecem continuar ignorando os alertas emitidos pelo Fed, em meio às esperanças de que a taxa de juros nos Estados Unidos comece a cair a partir de março, diante de um “pouco suave” da economia. Portanto, não é que o Fed sabe de algo que os demais não sabem; é o mercado que está à frente dos BCs, mais uma vez.

Mercado tem ouvidos surdos

Por isso, tanto faz o que disser a ata da reunião da semana passada do Comitê de Política Monetária (Copom), que saiu às 8h. Muitos veem o documento como “datado”, ainda mais o “pivô” de Jerome Powell horas antes do anúncio sobre a taxa Selic. A percepção é de que o esperado alívio nos EUA em 2024 muda a perspectiva para os demais BCs. 

LEIA MAIS - Ata do Copom: Corte nos juros é estratégia de convergência da inflação

Não foi exatamente o que se viu em relação aos bancos centrais da zona do euro (BCE) e da Inglaterra (BoE), na semana passada, e muito menos por parte do BC japonês (BoJ) na madrugada. Os juros continuam negativos no Japão, sem nenhuma expectativa de mudança no próximo ano - ainda mais se os demais BCs começarem a cortar suas taxas. 

Mas nada disso importa aos mercados, que continuam se deleitando com um esperado movimento global de afrouxamento da política monetária em 2024. Essa convicção alimenta o apetite por risco, com os investidores convencidos de que o problema da inflação acabou e o risco de subir as taxas de juros tornou-se contraproducente, por ora. 

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