Foi-se o tempo em que os dados da China animavam o mercado - ao menos no Ocidente. A produção industrial chinesa cresceu 6,7% em abril, em base anual, acima da previsão (+5,5%) e da alta registrada em março (+4,5%). As atividades de manufatura, serviços essenciais e mineração, todas, aceleraram, em meio às medidas de apoio do governo.
Enquanto isso, as vendas no varejo chinês registraram o menor crescimento em 15 meses, de +2,3%, com o consumo doméstico fraco persistindo. A maior queda foi na venda de veículos (-5,6%), mas vale lembrar que as exportações de carros da China para o mundo bateram recorde em abril. Já os investimentos em ativos fixos desaceleraram a 4,2%.
Ou seja, apesar da cautela do consumidor chinês e do setor privado, a demanda externa permanece robusta, o que impulsiona a atividade do até então “chão de fábrica” do mundo. Afinal, alguém aqui se lembra dos números mensais das vendas no varejo e da produção da indústria nos Estados Unidos divulgados nesta semana? Ambos ficaram estáveis.
Sabe-se que, “torturados”, os números dizem o que se quer. Mas o fato é que os indicadores chineses embalaram as bolsas de Xangai e de Hong Kong, com alta ao redor de 1%. O minério de ferro também fechou em alta em Dalian, subindo 2% na semana. Fora da China, prevalece a estabilidade - e não apenas nos dados.
Os índices futuros das bolsas de Nova York amanheceram na linha d’água, em dia de agenda econômica fraca. Já as praças europeias recuam, ao passo que o petróleo ensaia ganhos. Mas quem sobe mesmo é o dólar, recuperando-se das perdas recentes. Por aqui, chama a atenção a alta de quase 2% do Ibovespa nesta primeira metade de maio.
Em um mês conhecido pelo adágio “Venda em maio e vá embora” - na tradução livre do Sell in May and Go Away - os investidores, estrangeiros principalmente, parecem ter ajustado o tradicional jargão e estão adotando uma nova versão: Buy in May and Stay. Até aqui, os gringos já compraram R$ 1,6 bilhão em ações brasileiras, com maio caminhando para ser o primeiro mês de 2024 com ingresso líquido de recursos externos neste ano.