O Ibovespa iniciou fevereiro em alta, dando sinais de que o efeito negativo de janeiro sobre a bolsa brasileira será fraco. Os investidores viram a baixa do mês passado e neste comecinho de ano como uma oportunidade de compra e tentam dar sequência à caça por pechinchas nesta sexta-feira (2).
O cenário internacional continua ditando o ritmo dos negócios locais. Os ganhos firmes dos futuros dos índices das bolsas de Nova York - exceto Dow Jones - nesta manhã são conduzidos pelas big techs. Amazon e Apple (NASDAQ:AAPL) reportaram números melhores que o esperado, mas a gigante do iPhone ainda sente o impacto das vendas menores na China.
Quem roubou a cena foi a Meta, do bilionário Mark Zuckerberg. Pela primeira vez na história, a empresa anunciou que vai pagar dividendos, de US$ 0,50 por ação. Trata-se de um fenômeno raro no setor de tecnologia, uma vez que as empresas da tese de crescimento (growth) costumam reinvestir o caixa e, por isso, não têm lucros expressivos.
Daí fica a pergunta: por que em meio à corrida da Inteligência Artificial (AI), a dona do Facebook (NASDAQ:META), Instagram e WhatsApp, decidiu devolver dinheiro aos seus acionistas? Zuckerberg atingiu seu potencial máximo e jogou a toalha para Bill Gates? Além disso, a Meta anunciou um novo programa de recompra de ações de US$ 50 bilhões.
Payroll em destaque
Já no mundo real, o destaque do dia fica com novos dados de emprego nos Estados Unidos. Nos últimos dias, os números do relatório Jolts, da pesquisa ADP e dos pedidos semanais confirmaram uma desaceleração do mercado de trabalho, que ainda segue em um patamar saudável. A ver, então, o que traz o relatório sobre a folha de pagamento.
A previsão para o payroll (10h30) é de redução na abertura de vagas em janeiro, para menos de 190 mil, o que deve elevar a taxa de desemprego ligeiramente a 3,8%. Já o ganho médio por hora deve manter o ritmo de crescimento anual, mas perder força na comparação mensal. É aí que podem surgir pistas sobre a pressão dos salários na inflação.
O Federal Reserve deixou claro na última quarta-feira (31) que os juros nos EUA não vão cair tão cedo. Ao menos enquanto não estiverem confortáveis quanto ao processo de desinflação rumo à meta de 2% para os preços ao consumidor. Com isso, o payroll pode ter papel secundário nos mercados hoje.
Ainda na agenda do dia, saem dados sobre a confiança do consumidor norte-americano no mês passado (12h). No Brasil, as atenções se voltam para o desempenho da indústria ao final de 2023 (9h). Portanto, os investidores devem aproveitar a euforia lá fora para ajustar posições aqui, sendo que quem não tem big techs caça por commodities.