O principal indicador de inflação nos Estados Unidos (CPI) mostrou um número abaixo do esperado, em seu índice cheio no mês de abril, e dados em linha com o previsto nas demais medições. Foi o suficiente para içar as bolsas de Nova York para os níveis mais altos em todos os tempos, consolidando as apostas de que o primeiro corte dos juros pelo Federal Reserve virá em setembro.
A explicação é simples: o Fed afirma que precisa de várias leituras positivas dos índices de preços para, então, mover a taxa para baixo. No total, serão cinco divulgações mensais do CPI até o fim do próximo trimestre. Caso todas elas - ou a maioria - mostrem desaceleração da inflação, de preferência até mais que o esperado, a possibilidade de alívio monetário nos EUA depois das férias de verão deve se concretizar.
Porém, se vier alguma surpresa negativa, com números mais salgados, o apetite por risco dos investidores pode azedar. Ao menos um pouco. O humor do mercado financeiro só deve piorar de vez se houver algum repique da inflação ou reversão de tendência, com o placar ficando desfavorável para uma ação do Fed. Por enquanto, está 1 x 0.
E o mercado doméstico?
Não tivesse o Ibovespa de lidar com a “mão pesada” do presidente Lula nas principais empresas listadas, a empolgação por aqui seria a mesma. Ontem, a demissão do presidente da Petrobras (BVMF:PETR4), Jean Paul Prates, derrubou as ações da estatal em 6%, cada, neutralizando a animação vinda do exterior.
Ao final, a bolsa brasileira interrompeu a sequência de duas altas nesta semana e caiu 0,4%. No mês, o principal índice acionário ainda acumula ganhos de 1,7%. Já o dólar segue rondando níveis mais altos, em torno de R$ 5,15, apesar da queda acumulada de 1% em maio.
Fato é que os negócios locais estão se ajustando a uma taxa terminal mais alta. Grandes instituições financeiras já começam a revisar para cima a previsão para a Selic ao final do ciclo de queda e projetam o juro básico ainda em dois dígitos. A dúvida, agora, é se haverá apenas mais um ou se serão dois cortes de 0,25 ponto, cravando nos 10% (ou não).
Enquanto calibram as apostas sobre os próximos passos do Fed e do Copom, o mercado recebe hoje dados sobre a atividade na indústria dos EUA, pela manhã, e na China, no fim do dia. Aliás, em algum momento os investidores se darão conta que mais importante do que farão os bancos centrais é o duelo entre Ocidente e Oriente.