Uma das barreiras que impedem os investidores de perceberem que estão em bolhas de investimento é a natureza do ser humano de enxergar as coisas de maneira linear, com inclinação para se concentrar no curto prazo.
Ao longo dos anos, os períodos médios de posse de ações diminuíram.
Especificamente, o período médio com que um indivíduo segurava suas participações societárias nas décadas de 1950 e 1960 era de sete a oito anos; em meados dos anos 2000, a média despencou para seis meses.
Se você investir por apenas um ano, a maior parte de seu retorno (ou perda) será proveniente de flutuações aleatórias, a famosa volatilidade.
As variações percentuais durante esse período não estarão refletindo efetivamente os resultados da empresa - o que significa que você não está investindo, está especulando, lançando uma moeda.
Aumente seu horizonte de tempo para cinco anos e a situação se reverte: os fatores que influenciam os retornos estão sob seu controle.
No longo prazo, o preço da ação segue os lucros que a empresa gera.
Você escolhe se o preço é baixo o suficiente e se você fica com ou deixa a ação, de acordo com o crescimento de seu fluxo de caixa.
O fato é que, no curto prazo, nossos poderes de influência sobre os resultados são mínimos.
Como diria Charlie Munger, investidor bilionário e parceiro de Warren Buffett na Berkshire Hathaway:
“Eu nunca fui capaz de fazer previsões com precisão. Eu não ganho dinheiro prevendo precisamente. Nós apenas tendemos a entrar em bons negócios e continuar lá.”
Devemos lutar contra o impulso de agir sempre que encontramos um sinal de perigo, apesar de isso não ser intuitivo para o ser humano.
Se uma empresa desvalorizou 20%, mas sua capacidade de geração de dinheiro ao longo dos anos não tiver diminuído na mesma proporção, talvez a melhor opção não seja agir, mas permanecer inativo.
O viés de atividade pode ser enxergado em diversas ocasiões.
Ao encontrarmos resultados de curto prazo insatisfatórios, entramos em alerta.
Tendemos a achar que o nosso poder de influência irá trazer uma melhoria, quando as variáveis que de fato influenciam nos resultados não estão sob nosso controle.
Podemos usar um exemplo no mundo do futebol.
Pegue um técnico que monta um time, e enfrenta um período de maus resultados, causando insatisfação nos torcedores.
Para minimizar as reações, uma solução frequentemente adotada pela diretoria é demitir o técnico e contratar outro.
Existia uma variável de fácil acesso que podia ser influenciada no curto prazo, e o simples fato de tomar uma ação é associado pela maioria do público como uma mudança necessária.
Do ponto de vista racional, existem diversas variáveis que influenciam no sucesso de um time de futebol.
O psicológico dos jogadores, o entrosamento, as táticas, a condição e treinamento físicos, entre muitas outras. A maioria delas leva tempo para evoluir.
Muitas vezes o melhor que pode ser feito, após montar o seu time, é não fazer nada.
Na inatividade, deixamos o tempo nos entregar evidências.
E quando agimos baseados em evidências, podemos identificar com maior precisão quais são as variáveis que de fato influenciam nossos resultados.