Olá, pessoal! Hoje divido com vocês os melhores e piores papéis da bolsa em 2021, considerando-se apenas ações e units de empresas consideradas pequenas na bolsa (small caps). Considerei como universo de análise os 95 papéis que estão no IBrA (Índice Brasil Amplo, da B3) e não estão no Ibovespa. Meu objetivo é dar atenção a papéis que podem não estar no seu radar, já que a bolsa não se limita, de forma alguma, ao mais famoso dos seus índices. A importância de se tomar o IBrA como referência em vez de todas as ações listadas é garantir um mínimo de liquidez à análise, tendo em vista que tal índice inclui os papéis que respondem por 99% da negociabilidade da bolsa.
É importante notar que utilizo retornos totais, ou seja, que incorporam eventuais dividendos, JCP, splits, bonificações, aumentos de capital etc. Com isso, alguns das rentabilidades apresentadas a seguir não serão exatamente iguais à variação da cotação do papel em 2021. Para aqueles que quiserem a planilha com a análise completa, basta me seguir no Instagram (@carlosheitorcampani), avisando que deseja ter acesso à planilha completa.
Como métrica de performance, sempre utilizo a que desenvolvi, acredito e que chamo de índice Campani. Como explicado em meus textos aqui de 8 e 15 de maio de 2020, este índice tem a mesma interpretação que o famoso índice Sharpe (rentabilidade média por unidade de risco), mas utiliza métricas de rentabilidade e risco conceitualmente corretas e bem fundamentadas. O Sharpe é fundamentalmente equivocado e pode, muitas vezes, melhorar artificialmente a performance de maus gestores, prejudicando os bons gestores - clique aqui e aqui para ler e compreender mais sobre a relação risco e rentabilidade de um ativo.
Listo abaixo os 20 melhores papéis dentre os 95 analisados. A análise foi até o último dia 8 e, uma vez mais, contempla apenas papéis que estão no IBrA e não estão no Ibovespa. Para efeito de comparação, listo também o principal índice da bolsa e o índice SMLL, que procura mapear exatamente o mercado de small caps (pequenas empresas listadas na B3 (SA:B3SA3)).
Note que nada menos que cinco papéis mais do que dobraram de patrimônio em 2021, com rentabilidades acima de 100%: Positivo Tecnologia (SA:POSI3), Méliuz (SA:CASH3), Banco Pan (SA:BPAN4), Portobello (SA:PTBL3) e Ferbasa (SA:FESA4). Todos os papéis citados na tabela acima tiveram rentabilidades e performances bastante acima do índice de small caps. De forma natural, os papéis apresentaram volatilidades muito acima quando comparados com os dois índices, até porque estes incluem dezenas de componentes, de modo que esta diversificação reduz, por óbvio, suas volatilidades.
Lembro que uma volatilidade alta não necessariamente é algo ruim, principalmente no caso de ativos que rentabilizaram bem acima da média. Isto pois, como sempre defendo, é preciso diferenciar a volatilidade para cima (risco bom) da volatilidade para baixo (risco ruim). O índice Campani faz isso com precisão e os cinco papéis com melhores performances, nesta ordem, seriam: SLC Agrícola (SA:SLCE3), Positivo Tecnologia, Banco Pan, Santos Brasil (SA:STBP3) e Ferbasa. Dos 95 papéis analisados, 46 apresentaram rentabilidade superior ao Ibovespa enquanto 40 obtiveram índices Campani maiores que o principal índice da B3.
A seguir, apresento as 20 piores rentabilidades em 2021. Ressalte-se que 31 papéis estão no vermelho, ou seja, estão com rentabilidades negativas neste ano (lembro: baseado no fechamento do pregão do dia 8 de junho). Cinco papéis apresentam perdas superiores a 18% no ano: Helbor Empreendimentos (SA:HBOR3), Banco BMG (SA:BMGB4), Mitre (SA:MTRE3), Sanepar Unit (SA:SAPR11) e Light (SA:LIGT3). A lista com os cinco piores índices Campani seria ligeiramente diferente: M.Dias Branco (SA:MDIA3), Banco BMG, Sanepar Preferencial (SA:SAPR4), Sanepar Unit e Light.
Como ressaltei no início, o objetivo de hoje foi dar atenção a papéis da bolsa que não têm muito holofote e podem, em consequência, estar fora do radar de muitos investidores. Note que o segmento de small caps não necessariamente é vencedor ou perdedor, mas possui um perfil de risco diferente do segmento de blue chips (maiores e mais badaladas empresas da bolsa). Analisar este setor e compreender seu perfil de risco provavelmente agregará valor à sua carteira.
Para um gestor, quanto mais ativos diferentes ele tiver na mesa melhor, pois assim ele poderá compor uma carteira mais bem diversificada, ou seja, com menor exposição a risco, sem abrir mão de rentabilidade ou, quiçá, até aumentando sua rentabilidade esperada. No final das contas, o que interessa não é o risco de cada papel individualmente, mas como esses riscos se agregam na sua carteira. Minha dica, portanto, é que você esteja atento a este setor também, mas sempre investindo com cautela e de forma bem diversificada para obter ganhos consistentes no longo prazo. Minha única ressalva é observar a liquidez de cada papel e entender que quanto menos negociado ele for, maior o risco de um spread desgostoso na hora de comprá-lo ou vendê-lo.
É sempre muito importante também ressaltar que as listas acima não representam, de forma alguma, sugestões de investimento. Entendo que uma decisão de investimento precisa vir sempre acompanhada de uma análise bem mais completa e cuja decisão dependerá fundamentalmente do perfil e objetivo individual do investidor. Por fim, fica o convite para me seguir nas redes sociais @carlosheitorcampani. Procuro sempre publicar conteúdo relevante de educação financeira e investimentos, além de abrir caixinhas para dúvidas e perguntas.
Um forte e respeitoso abraço a todos vocês. E peço que comentem abaixo, isso é muito importante para mim!
* Carlos Heitor Campani é PhD em Finanças, Professor Pesquisador do Coppead/UFRJ e especialista em investimentos, previdência e finanças pessoais, corporativas e públicas. Ele pode ser encontrado em www.carlosheitorcampani.com e nas redes sociais: @carlosheitorcampani. Esta coluna sai a cada duas semanas, sempre na sexta-feira.