Façam suas apostas!
Seria o teor de uma aposta influenciável pelo humor do apostador?
Em caso afirmativo, tomemos cuidado, pois o clima atual não é nada bom.
Este fim de ano deixa nebulosas as expectativas econômicas para 2023.
Por conta do risco fiscal associado à PEC de Transição, faltando quatro minutos para acabar o jogo, deixamos a zaga exposta e perdemos a garantia de queda da Selic.
Nas mesas redondas da Faria Lima, podemos passar horas e horas acusando os erros do governo - do atual e do eleito -, só para não ter que conviver com os nossos próprios erros.
Pois ninguém melhor do que o mercado para cometer graves equívocos, especialmente ao tentar projetar variáveis macro.
Lembra-se de como os últimos dias de 2021 apontavam para o fim de 2022?
A projeção de crescimento do PIB brasileiro era de 0%, junto a um déficit primário de -0,3% e dívida bruta esperada ultrapassando 80%.
Provavelmente, fecharemos 2022 com PIB crescendo em torno de +3%, superávit primário acima de 1,0% e dívida bruta abaixo de 75%.
Não existe boa vontade ou má vontade do mercado para com a formação de expectativas.
Às vezes, ele erra para cima; outras vezes, erra para baixo. Mas sempre erra, e costuma errar feio.
Portanto, a única aposta inteligente que podemos assumir agora, pouco antes da Mega da Virada, é a de que o fim de 2023 será diferente - ou muito pior ou muito melhor - do que as projeções atuais do Focus.
Em que lado ficamos?
Supondo que as chances de errar para cima ou para baixo são iguais às de se jogar uma moeda, resta-nos olhar para os preços.
Negociando a 8,5x lucros (ex Petrobras (BVMF:PETR4)e Vale (BVMF:VALE3)), a Bolsa brasileira teria algo como 50% de chance de cair para 7,0x lucros (-18%) junto a outros 50% de chance de subir para 12,0x lucros (+41%), que é simplesmente a média histórica.
Simbolicamente, você topa correr o risco de perder -18% em troca da possibilidade de ganhar +41%?