O ouro já subiu quase 20% no ano. Será que pode subir mais 25% antes de 2019 acabar?
Essa é uma questão pertinente, pois é a distância que o metal precioso precisa percorrer para registrar uma nova máxima histórica.
Restando apenas quatro meses para o fim do ano, é pouco provável que o ouro subirá tanto assim. Mas os investidores estão apostando contra as apostas de que este ano será fenomenal para esse porto seguro financeiro, ou seja, tudo é possível.
Posses de ETFs de ouro atingem máxima de 2013; preço está no pico de 6 anos
Enquanto os ativos de risco sofriam uma debandada e os bancos centrais confirmavam uma mudança para afrouxar a política monetária, os influxos em ETFs de ouro aumentaram 101,9 toneladas em agosto, atingindo o maior patamar desde fevereiro de 2013.
Essa disparada pelo terceiro mês consecutivo elevou os ativos totais para 2.453,4 toneladas na sexta-feira, de acordo uma reportagem da Bloomberg desta segunda, após a adição de 154,1 toneladas agregadas em junho e julho.
Os futuros de ouro nos EUA atingiram as máximas de seis anos a US$ 1.565 por onça em 26 de agosto, ficando a US$ 350 de registrar uma nova máxima histórica que poderia superar o pico de 2011 a US$ 1.911,60.
Na sessão europeia desta segunda-feira, quando os mercados norte-americanos estavam fechados para o feriado do Dia do Trabalho, os futuros do ouro fecharam a US$ 1.538,10 no pregão eletrônico.
Dados técnicos sinalizam “Forte Compra”
O Indicador Técnico Diário do Investing.com recomenda “Forte Compra” nos futuros de ouro, projetando resistência a US$ 1552,65 que, se superada, poderia catapultar o mercado de volta para testar o nível de US$ 1.565.
O lingote atingiu as máximas de 2013 em 29 de agosto, alcançando US$ 1.550,42. Isso coloca o metal a US$ 370 de atingir o pico de 2011 a $1.920,80. Na segunda-feira, o lingote ficou em US$ 1.529,20.
O Indicador também tem recomendação de “Forte Compra” no lingote, projetando resistência a US$ 1543,67 que, se superada, poderia catapultar o mercado de volta para testar o nível de US$ 1.550.
O Goldman Sachs afirmou que os preços provavelmente avançariam ainda mais se as compras dos bancos centrais aumentassem e se a demanda dos ETFs subisse.
Guerra comercial e tensões geopolíticas mantém o rali vivo
Embora não haja qualquer certeza de que o ouro ou o lingote atingirão as máximas históricas antes do fim do ano, a guerra comercial e diversas outras tensões – principalmente o conflito EUA-Irã – estão mantendo as esperanças de grande lucro dos investidores do ouro ainda em 2019.
O ouro teve excelente desempenho com o noticiário ruim deste ano. E ainda há bastante espaço para notícias desapontadoras no futuro, desde a guerra comercial em andamento até a possibilidade de dados decepcionantes para vendas de varejo e indústria na Europa.
Exemplo claro disso foram as tarifas de 15% dos EUA sobre produtos chineses, que entraram em vigor no domingo e afetaram 91,6% das importações de vestuário, 68,4% dos produtos têxteis domésticos e 52,5% de importações de calçados.
Esperança de corte de juros alimenta otimismo
Os mercados, enquanto isso, continuam precificando um corte adicional de 25 pontos-base na próxima decisão de política do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), marcada para 17-18 de setembro. As taxas de juros mais baixas tendem a dar suporte ao ouro, pois reduzem o rendimento dos títulos governamentais, que competem com o metal precioso pelo capital dos investidores com aversão ao risco.
A Reuters informou ontem que os bancos centrais de um grupo de 37 economias em desenvolvimento realizaram 14 cortes de juros líquidos no mês passado, o número mais alto desde as intensas medidas de estímulo tomadas pelos formuladores da política após a crise financeira de 2008.
Os pronunciamentos do presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, do presidente do Fed de Nova York, John Williams, e do presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, na quarta-feira, podem jogar alguma luz sobre a direção dos juros do banco central dos EUA.
Chance de atingir as mínimas de US$ 1.440 e pico acima de US$ 1.625.
No entanto, nem todos estão otimistas com a continuidade do rali no ouro.
Mahmoud Alkudsi, estrategista do metal precioso, notou que o ouro fechou no vermelho pela primeira vez em quatro semanas, na semana passada.
O analista disse ainda:
“Vale a pena notar que houve uma falha no movimento de alta depois que o Índice de Força Relativa (IFR) registrou pico em meados de agosto, acima de 70; em 25 de agosto, o metal não conseguiu superar seu pico anterior. Alguns dias depois, o oscilador rompeu o fundo anterior, indicando uma perda de força na tendência de alta."
Alkudsi complementou dizendo que, se o ouro fechar abaixo de US$ 1.510, o lingote pode ser pressionado para US$ 1.440.
“Por outro lado, qualquer falha em fechar abaixo da extremidade inferior da zona pode fazer o XAU/USD (lingote) voltar para a máxima da região.”
“Um fechamento acima da extremidade superior pode fazer os preços voltarem para próximo de US$ 1.625-27.”