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Maus Ventos Chegam aos EUA; Aversão ao Risco Dispara e Dólar Deve Continuar Subida

Publicado 02.10.2019, 09:33
Atualizado 09.07.2023, 07:32

Até ontem, tudo indicava que os EUA não estavam sentindo de maneira mais profunda os efeitos da guerra comercial que trava com a China, nem a onda de desaceleração global do crescimento econômico. Entretanto, na tarde de ontem, dados do Institute of Supply Management (ISM) sobre a produção fabril norte-americana tiveram o pior resultado em uma década, desencadeando uma onda global de aversão ao risco que deve se estender para a sessão de hoje.

A divulgação do dado desencadeou uma onda de vendas nas principais bolsas dos EUA: o S&P caiu 1,23%, o Índice Dow Jones 1,28% e a Nasdaq 1,17%. O rebuliço se fez sentir também nos principais índices de força do dólar, com o DXY revertendo uma máxima e caindo bruscamente, conforme o Euro – principal rival do dólar e cuja cotação compõe grande parte desse índice – disparava. O Volatility Index (VIX), que mede o grau de aversão ao risco de investidores, chegou a subir 14% durante a sessão de ontem.

Tensões geopolíticas

Não bastasse o cenário econômico bastante instável, o cenário político global continua se deteriorando nos principais polos econômicos do mundo. Nos EUA, o processo de impeachment de Donald Trump avança na Câmara dos Representantes e implica cada vez mais o núcleo duro da administração. O advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani, foi intimado ao Congresso; o procurador-geral, William Barr e o Secretário de Estado, Mike Pompeo, também estão no centro do processo. O escândalo foi desencadeado por uma ligação na qual Trump pressiona o presidente da Ucrânia a investigar seu provável rival na eleição de 2020, Joe Biden, condicionando essa investigação a manutenção do auxílio militar oferecido pelos EUA ao país.

No Reino Unido, Boris Johnson se mostra determinado a sair da União Europeia com ou sem um acordo com a União Europeia – uma reunião entre ele e o presidente do parlamento europeu está marcada para hoje. Johnson deve apresentar sua versão do acordo que, no entanto, cria uma fronteira entre a Irlanda do Norte (parte do Reino Unido) e a Irlanda (país membro da União Europeia), violando um acordo que ambos – União Europeia e Reino Unido – haviam se comprometido a respeitar. O mais provável, portanto, é que o acordo proposto por Johnson seja negado, aumentando as chances de um Brexit sem acordo – que, segundo especialistas, seria péssima tanto para a economia britânica quanto europeia.

Enfim, na China, que comemora o aniversário de 70 anos da revolução comunista – motivo pela qual o país está com os mercados fechados – crescem as tensões com a ilha de Hong Kong, que já se estendem por meses a fio. A população da ilha protesta contra a extradição de cidadãos/as de Hong Kong para a China, que considera ser mandatária do território – um imbróglio diplomático que dura décadas, já que tecnicamente a Hong Kong é independente da China.

No cenário interno, a votação da reforma da previdência deve ser votada hoje no Senado. A expectativa é de aprovação.

Agenda econômica

Já às 9h15 serão divulgados dados preliminares do mercado de trabalho dos EUA (ADP Nonfarm Payroll; impacto: 3/3), que deverãotrazer grande volatilidade ao mercado independente do resultado. Um aumento na geração de empregos é positivo para o dólar, ao passo que uma redução no número esperado gera fraqueza para a moeda americana. Às 11h30, serão divulgados dados sobre o estoque de petróleo nas empresas dos EUA (Crude Oil Inventories, impacto: 3/3), um importante indicador da atividade industrial do país. Um aumento no estoque é negativo para o dólar, uma diminuição é positiva – já que indica que o combustível está sendo usado para movimentar as indústrias.

Esses e demais indicadores são disponibilizados grautitamente pelo Investing.com (www.investing.com).

Cenário técnico

Apesar de ter fechado abaixo da abertura nos últimos três dias, o preço do dólar no Brasil segue fazendo mínimas mais altas nesse mesmo período. Levando em consideração as últimas oito sessões, o mais provável parece ser que a moeda mantenha o suporte firmado próximo a região de R$4.125 ou, acima dela, nos R$4.150 – ambas regiões de alta concentração de volume negociado. O rompimento da barreira psicológica dos R$4.200 parece iminente a despeito das intervenções do Banco Central.

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