Em julho, o resultado do IPCA foi uma deflação de 0,68%, levando a uma taxa acumulada no ano de 4,77% e em 12 meses de 10,07%. Sem dúvida, a redução de preços dos combustíveis foi o protagonista para o resultado, com queda de 15,48% no preço da gasolina, contribuindo com o impacto negativo de 1,04 p.p. no mês, sendo o mais intenso dentre os 377 itens que compõem o IPCA.
Fonte: IBGE / julho 2022
Do lado positivo, ao olhar para o índice de difusão, pelo terceiro mês consecutivo, houve mais um recuo, agora passando de 67% para 63%; em outras palavras está ocorrendo uma queda da quantidade de itens da cesta do IPCA que tem apresentado alta de um mês para o outro, mostrando que a inflação tem se espalhado menos, refletindo a consolidação do processo de desinflação que se espera para os próximos meses do ano.
Fonte: IBGE / julho 2022
Ainda sob os aspectos positivos, a média dos núcleos de inflação, medida importante que exclui itens mais voláteis como alimentação e combustíveis, arrefeceu consideravelmente, passando de uma taxa em torno de 0,90% para 0,53%. Neste contexto, pode-se considerar que os riscos de uma tendência inflacionária diminuíram, fato o qual corrobora, inclusive, para o fim da alta da Selic pelo Banco Central, já que essa é uma das principais medidas que a autarquia avalia para a sua decisão de política monetária.
Contudo, levanto dois riscos para a inflação, ainda que benignos, mas que precisam ser acompanhados de perto: o primeiro é o preço dos alimentos, que em julho houve um avanço da taxa de inflação para 1,30%, ante 0,80% observado no mês anterior. Ou seja, o grupo que teve um peso de 21,3% na inflação de julho deverá ser o vilão da inflação especialmente entre setembro e dezembro, meses em que, sazonalmente, a inflação de alimentos é mais elevada.
Segundo é a inflação de serviços, que, apesar de uma desaceleração da taxa de inflação, de 0,90% para 0,80% em julho, poderá pressionar as taxas mensais do IPCA para cima, diante da resiliência do mercado de trabalho e consequentemente da atividade econômica.
No balanço dos pontos positivos e negativos, concluo que o IPCA de julho foi positivo, em especial no tocante ao processo de desinflação esperado, em que, ressalto que a minha expectativa é que haja mais uma deflação para agosto, com o índice acumulado em dezembro de 2022 em 7,05%. Assim, os dados de julho contribuem para o fim do aperto monetário, com a expectativa da manutenção da Selic em 13,75% nas próximas reuniões do ano.