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Mares Revoltos na Economia

Publicado 07.02.2022, 17:19
Atualizado 09.07.2023, 07:32
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A situação anda um tanto quanto complicada entre a equipe econômica e a ala política do governo, o Centrão e o Legislativo. Nas últimas semanas, tivemos algumas evidências disso, não só na “dança das cadeiras” dentro da equipe, mas também com novas demissões ocorridas. O quadro fica ainda mais complicado quando sabemos que, dentro de apenas um mês, teremos 11 ministros deixando os cargos (a imprensa dá conta disso) para se candidatarem a posições nas próximas eleições gerais.

Na melhor das hipóteses, o governo de Bolsonaro vai dar uma parada para ajustes, mas isso já estava no radar de muitos. Nós mesmos dissemos que, se nada fosse feito até meados do segundo trimestre, não daria para esperar por mudanças no restante do ano, já que todo o Congresso estará envolvido nas eleições e no apoio aos candidatos preferidos. Nada de importante possivelmente sairá do papel.

Mas também estava no radar um outro risco de medidas populistas levadas a cabo, pela premência de Bolsonaro em ser reeleito em um ambiente de queda de aprovação, demonstrado em praticamente todas as pesquisas e que o presidente se nega a acreditar. Essas medidas têm se multiplicado com origens diversas. Ora o presidente se expressa sobre elas, ora é o Centrão que requer isso e ora são outros políticos por causas diversas. No meio desse fogo cruzado, está a equipe econômica do ministro Paulo Guedes, que teme pelo quadro fiscal.

O presidente insiste em conceder reajuste salarial para oficiais militares, polícia federal e rodoviária, e mais recentemente o Ministério da Educação saiu com reajuste de professores de 33,24%. Não há questionamentos se é justo ou não, mas o momento é absolutamente questionável pela situação fiscal com o teto de gastos já corrompido e a proximidade de eleições. A outra situação vem de pressões da ala política com relação ao reajuste de combustíveis.

Sabemos que a Petrobras (SA:PETR4) usa boa matriz para reajustar preços de combustíveis, levando em conta custo em dólares e também os custos em reais. Sabemos também que a paridade de preços com o exterior é algo de grande relevância, pois disso depende a vinda de investimentos em óleo e gás para o país.

A Petrobras que, além disso importa combustíveis, ficou no meio de uma disputa ferrenha que deixou de ser técnica para ser política. A empresa não tem culpa se o dólar por aqui anda deslocado pelo risco político, e nada pode fazer em relação ao preço internacional do petróleo que sofre outras tantas pressões. A empresa alega que, em uma janela de cinco anos, pagou impostos em montante superior a R$ 1 trilhão, emprega algumas centenas de milhares de pessoas (terceirizados inclusive) e participa com inúmeros programas sociais, inclusive o Vale Gás, mas que tem deveres com seus acionistas, incluindo a própria União e outros entes federados.

Pois bem, a PEC do Senado que tomamos conhecimento na semana passada, apelidada de kamikaze, teria um impacto inicialmente estimado de R$ 100 bilhões, mas poderia ser mais e contempla outras coisas, além de os entes poderem suprimir o ICMS de combustíveis em 2022 e 2023, um auxílio diesel de até R$ 1.200 para autônomos, subsídio aos transportes públicos, aumento do Vale (SA:VALE3) Gás e uso de dividendos recebidos da Petrobras. Essa PEC consegue ser mais benevolente que a da Câmara, onde os cálculos de inferência fiscal podem chegar a R$ 75 bilhões.

Não bastasse isso, a empresa, que está no redemoinho do furacão político, ainda conta com declarações do candidato Lula de que pretende acabar com a paridade de preços internacionais. Alguém tem que explicar os malefícios que isso poderia causar novamente ao setor de óleo e gás no país, responsável em outras épocas por elevados investimentos. Mas tudo isso, pelo menos por enquanto, são bazófias políticas dos candidatos que pegaram esse mote populista para tentar crescer nas pesquisas.

Vamos ter que ver até onde irá a caneta Bic de Bolsonaro e as declarações dos candidatos sobre isso, até que os debates ocorram e, esperamos, programas de governos sejam anunciados, já que o próximo presidente, quem quer que seja, terá uma parada muito dura para ajustar a economia e fazer o país crescer com sustentabilidade. Por enquanto, os danos estão sendo feitos na precificação da Petrobras no mercado acionário, que sofre bastante com isso.

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