Mamma Mia!! Un Altro Plebiscito

Publicado 02.12.2016, 17:07
Atualizado 09.07.2023, 07:32

Esse ano foi um ano maravilhoso para quem estava na bolsa. Não me lembro de ter lucrado tanto em um ano quanto esse e isso tudo devido principalmente à fase do pré-impeachment. Cada notícia contra a Dilma fazia a bolsa subir assustadoramente. No contraponto, cada notícia a favor dela derretia todas as cotações.

Os usuários das “Bollinger Bands” nunca sorriram tanto nesse primeiro semestre do ano (a foto não me deixa mentir)

BOLLINGER BANDS 1

BOLLINGER BANDS 2


BOLLINGER BANDS 3

Logo após o impeachment tudo eram sorrisos! A bolsa subia cada vez mais com os anúncios feitos pelo novo presidente que estava montando o “dream team” de todo investidor para comandar a parte econômica brasileira, os índices de confiança começaram a estagnar (é melhor do que cair), o Focus apontou uma leve recuperação... as coisas pareciam estar se encaminhando.

Para quem estava com uma carteira montadinha e bem posicionado em ativos estratégicos como eu, era como time de futebol que faltam poucas rodadas e está com vários pontos de vantagem sobre o segundo: era só administrar! “O que pode dar errado?” eu pensei.

Mas no meio do caminho tinha uma pedra.

E no meio do caminho do sucesso e ascensão da bolsa brasileira haviam 2 pedras: Brexit e Trump.

“Mas são pedras tão pequenininhas”, “Veja as pesquisas, isso não vai acontecer”, “Até parece que o Trump vai ganhar”... muitos (incluso eu) pensaram assim. E foi ai que os problemas começaram!

Em cada evento polêmico deste ano, eu e meus companheiros nos posicionamos como se o oposto do pior cenário fosse acontecer (sem Brexit e sem Trump). Acreditamos nas pesquisas e desacreditamos nas probabilidades do pior acontecer. E deu no que deu.

Lembro-me como se fosse hoje. Um dia pré-eleições norte americanas eu selecionei alguns ativos, finquei o pé neles e fui para casa pensando no lucro do outro dia. Após jantar, abri o notebook para deleitar o meu acerto, mas a tela estava toda vermelha. Cada estado. Cada cidade. Pego o celular e tem 50 mensagens no grupo do Whatsapp. Deu ruim.

Após cada evento polêmico os prejuízos começaram a aparecer. Foi primeiro com o plebiscito do Brexit, depois com o plebiscito das Farc (eu invisto em moedas, por isso a perda), depois com a vitória de Trump. Em cada um desses dias com cisnes negros os prejuízos foram grandes e, apesar de eu ainda estar no positivo, estou bem menos feliz do que aquele saudoso saldo pós impeachment. Devia ter parado por ali!

E adivinha o que vem por ai? Sim! Mais plebiscitos.

Esse fim de semana na Itália ocorrerá mais um plebiscito e este seguem as mesmas características que seus antecessores: a) é um tema polêmico, b) o país está dividido, c) um dos lados é dado como “quase certo” e d) as pesquisas mostram empate técnico.

Será que estamos diante de mais um cisne negro? Se sim, já dá pra montar a clássica peça de final de ano, o Lago dos Cisnes.

Em votação está uma mudança brusca da composição política italiana atual, onde está sendo proposto a diminuição dos poderes do Senado, transformando-o em um órgão apenas de consulta e com poderes regionais e não mais nacionais.

Está sendo proposta a diminuição do total de senadores de 315 para apenas 100 (sendo que destes o presidente já sai indicando 5), sendo eles não mais escolhidos por votação popular direta, mas por indicações de representantes municipais. A proposta foi idealizada pelo Primeiro Ministro Matteo Renzi e busca (segundo seu redator) dar agilidade ao sistema político italiano, uma vez que por lá tanto o Senado como a Câmara possuem um poder proporcional (conhecido como bicameralismo perfeito) e com isso, poucas propostas tem seguido em frente, com oposição e base tentando uma sabotar os planos da outra.

Espertinho que é, caso o “SIM” vença, isso ajudaria muito o atual ministro dando maior poder ao governo central, uma vez que uma lei aprovada em Julho passou a dar automaticamente 55% dos assentos na Câmara dos Deputados (a que após o plebiscito terá poder quase que absoluto em aprovar leis).

Opositores da ideia dizem que na verdade Renzi está tentando apenas acumular mais poderes para si, retirando das mãos da população o poder de escolha de seus representantes. Em plena crise política onde nenhum partido se firma perante o outro, essa seria uma forma rápida (e radical) de aumentar o poder decisório do atual governo.

E se o “NÃO” ganhar?

A oposição já foi enfática em dizer que, caso o não vença, vai exigir a saída de Renzi do poder. Entretanto, o próprio ministro já afirmou que caso não vença, é muito provável que ele mesmo renuncie no melhor estilo “se as regras não forem as que eu quero eu não brinco mais”.

Com a sua saída precoce, o clima de instabilidade poderia então se instalar no país que já teve em pouco mais de 70 anos 63 governantes diferentes (quase um governo por ano). Além disso, o movimento “Cinco Estrelas”, favorável ao “não” e opositor do atual ministro, já disse que, caso assuma o poder com a renuncia de Renzi, terá como proposta chefe realizar consulta popular a fim de verificar a permanência da Itália na zona do euro (a lá Brexit). Seria o fim da União Européia? O mundo aguentaria outra onda de isolacionismo? Aonde estão os teóricos da globalização para nos defender?!

Como se sabe, a Europa não está assim um mar de amores, tendo seus representantes políticos já trocado algumas farpas internas. O clima lá esquentou e a União Europeia está pela primeira vez em muitos anos correndo um sério risco de ser dissolvida.

Partidos pró-separatismo ou anti UE estão ganhando força em um momento que o nacionalismo foi novamente evocado, dado principalmente com a recente crise de imigrantes que levou diversos países a se confrontarem acerca da responsabilidade de quem iria cuidar do que. Até a nossa amiga Merkel, que chamou a responsabilidade para si de ser a Rainha dos Reinos Europeus, a Quebradora de Correntes, a Primeira de Seu nome (quem manja de GOT pegou essa) está correndo risco com as eleições alemãs se aproximando e sua popularidade caindo.

Esse evento no domingo dia 4 é um forte sinalizados do que teremos daqui pra frente na economia mundial e como a política começará a influenciar cada vez mais o cenário econômico. Então aguardemos até segunda feira para saber se mais uma vez a “zebra” entrou em campo e se eu e meus colegas vamos perder mais dinheiro!

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