Mais um dia de muita volatilidade nos mercados.
No Brasil, a demissão do ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente, repercute, assim como a acusação de um funcionário do ministério da Saúde, na época de Eduardo Pazuello, sobre a compra de lotes da vacina Covaxin, da Índia, superfaturados, sem o devido trâmite burocrático e próximos do vencimento.
Nos EUA, mais um diretor do Fed, desta vez Raphael Bostic, de Atlanta, declarou, achando que o início do aperto monetário deve ser antecipado, com uma elevação dos juros ao fim de 2022 e mais duas em 2023. Considerado um moderado, Bostic disse também que está perto de alcançar os requisitos para iniciar o “tapering”, processo de redução dos estímulos monetários. No dia anterior, Jerome Powell havia reforçado a ideia de redução gradual nos estímulos monetários.
Isso nos leva a concluir não haver uma unidade de discurso entre os diretores do Fed, cada um achando uma coisa. Interessante, aliás, estas diversas declarações, que mais geram ruídos do que ajudam a elucidar dúvidas. Não seria de todo mal que os diretores se calassem e deixassem apenas o presidente do Fed dando declarações. “Roupa suja se lava em casa”.
O fato é que estes acontecimentos, todos conjugados, foram suficientes para as bolsas de NY operarem em terreno misto na quarta-feira e no Brasil, o Ibovespa “realizar em mais um dia de volatilidade”. Fechou em queda de 0,26%, a 128.427 pontos. É fato que o mercado tem oscilado por estes dias, impactado pela crise hídrica e pela sinalização de elevação mais forte da taxa de juros, o que deve derrubar um pouco a renda variável. Na semana, a bolsa de valores avança apenas 0,02%, no mês com ganhos de 1,75% e no ano 7,91%.
No mercado de juros, as pontas curtas fecharam o dia pressionadas, em alta, e as médias e longas, próximas do ajuste. Já o dólar operou abaixo de R$ 5,00 pelo segundo dia seguido, oscilando entre R$ 4,93 e R$ 4,98, para fechar a R$ 4,9628 (-0,07%).
No Congresso, os debates seguem avançando na tributação sobre os ganhos de dividendos. O Ministério da Economia já definiu uma proposta, que prevê a tributação de dividendos em 20% com uma faixa de isenção de R$ 240 mil ao ano, R$ 20 mil ao mês. Hoje, todos os pagamentos de dividendos são isentos. É o Estado se “cercando” de várias formas, não deixando brechas para os cidadãos. Como próximo alvo, com certeza, as operações de e-commerce e com moedas virtuais.
Sobre a pandemia, a última novidade é a variante Delta, vinda da Índia, que se espalha perigosamente pela Europa, colocando em risco o esforço de controle. O Centro Europeu para a prevenção e o Controle da Doença, por exemplo, “pediu pressa na vacinação e cuidados para evitar novos contágios”. Já a União Europeia estima que até o fim de agosto, 90% dos casos de Covid-19 estejam ligados à esta nova variante. A Organização Mundial da Saúde afirma que esta nova variante caminha para se tornar predominante no planeta.
No Brasil, ontem, em 24 horas, os óbitos chegaram a 2.392, no acumulado 507 mil. Estamos, com certeza, numa “terceira onda”. Foram 115.228 novos casos em 24 horas, já um recorde num dia.
Sobre a CPI da Covid, os senadores independentes e oposicionistas, cientes de que o tema da corrupção é extremamente sensível para o Planalto, já começam a se movimentar para explorar o “escândalo” do superfaturamento da vacina Covaxin, da Índia, que deve repercutir na Comissão. Este tema, com certeza, deve trazer ainda mais desgaste ao governo, em conexão direta com o presidente Bolsonaro.
Comentando sobre a demissão do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, era previsível diante do avanço das investigações da Polícia Federal sobre as transações do ministro com as madeireiras.
Nesta quinta-feira teremos o Relatório Trimestral da Inflação, sendo esperados novos sinais sobre os passos do Banco Central e na sexta-feira, o IPCA-15. A CPI da Covid deve pegar fogo diante deste escândalo da Covaxin indiana. O irmão do deputado Luiz Miranda, denunciante e funcionário do Ministério da Saúde, deve prestar esclarecimentos.
Bons negócios a todos!