Na última assembleia de delegados da Organização Internacional de Saúde Animal (OIE), que aconteceu entre os dias 25 e 30 maio, em Paris, os estados do nordeste brasileiro foram reconhecidos como livres de aftosa, com vacinação.
Os estados que receberam o reconhecimento foram: Alagoas, Ceará, Maranhão, Piauí, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. A região norte do Pará também foi contemplada com o novo estatus sanitário.
Esta é mais uma conquista dos esforços do Brasil (pecuaristas, pesquisadores, serviço público e indústria de insumos) no combate à doença.
A primeira zona com o estatus de livre de aftosa com vacinação contemplava os estados do Rio Grande de Sul e Santa Catarina. O reconhecimento ocorreu em 1998.
Após dois anos, em 2000, foram o estado do Paraná e o Distrito Federal e parte dos estados de Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo.
Neste mesmo ano, após a reintrodução da doença no Rio Grande do Sul, houve a suspensão do status sanitário deste estado e de Santa Catarina. Em 2002 ambos os estados recuperaram o reconhecimento.
Em 2005, houve um foco da doença no Mato Grosso do Sul e no Paraná, com suspensão de alguns estados. Apenas dois municípios do estado de Rondônia, Acre, Rio Grande do Sul e Paraná mantiveram o estatus de livre de aftosa com vacinação.
Em 2008 houve a restituição completa da zona livre de aftosa da área suspensa em 2005.
Tal área compreende a Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo, Sergipe e Tocantins.
Em 2013, o quadro brasileiro para a febre aftosa contemplava 16 estados livres de aftosa, sendo apenas Santa Catarina sem vacinação. Figura 1.
Com o reconhecimento dos estados do nordeste, apenas as selvas brasileiras permanecerão sob suspeita
Em 2013, as exportações de carne bovina in natura foram de 1,18 milhão de toneladas (MDIC), aumento de 25,3% na comparação com 2012.
Na figura 2 está a distribuição da exportação por estado.
Segundo a última Pesquisa Pecuária Municipal (PPM), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os estados do nordeste que receberam o estatus de livre de aftosa com vacinação somam um rebanho de 16,8 milhões de cabeças.
Esse número representa 8,0% do rebanho brasileiro. A região nordeste como um todo, considerando a Bahia e Sergipe, já livres da doença, detém 13,4% do rebanho brasileiro. Figura 3.
Considerações finais
Bom ficar sem aftosa, mas ainda não há possibilidade de exportar carne a partir dos estados do Nordeste, considerando o parque industrial habilitado para exportação. Não há frigoríficos habilitados
Porém, o reconhecimento das novas áreas pela OIE integra essas regiões ao território nacional com relação ao combate à doença e fortalece a situação do país para negociar no comércio internacional.
Com a consolidação das áreas livres da doença no país, caminhamos para uma situação em que todo o país possa ser livre da doença.
* Colaboração do engenheiro agrônomo e consultor da Scot Consultoria Antônio Guimarães e do zootecnista e consultor da Scot Consultoria Gustavo Aguiar.