O cérebro humano é um mestre na arte de reconhecer padrões. Tome, por exemplo, uma criança que, sem nunca ter sido ensinada, associa instintivamente um céu escuro, nublado e ventoso com a iminência de uma tempestade.
Esta habilidade de identificar padrões se manifesta frequentemente em nosso cotidiano, até mesmo na forma como percebemos o tempo, com suas horas e dias, todos alinhados ao ciclo de nascer e pôr do Sol.
O problema surge, no entanto, quando começamos a perceber padrões onde eles não existem ou são meras coincidências. Recordo-me, por exemplo, de quando iniciei meus investimentos na bolsa aos 19 anos.
Notei uma ação que oscilava regularmente entre R$ 2,00 e R$ 2,10 durante a semana. Agindo conforme esse padrão, eu comprava ações perto de R$ 2,00 e vendia ao se aproximarem de R$ 2,10. Por um tempo, essa estratégia rendeu bons frutos.
Entretanto, um dia o preço da ação superou os R$ 2,10 e jamais regressou a esse patamar. Em 2021, esse ativo atingiu quase R$ 60. Essa experiência me ensinou uma lição valiosa: padrões no mercado são frágeis e podem quebrar-se a qualquer momento.
No universo financeiro, isso é como se o Sol pudesse deixar de nascer amanhã. Pegue, por exemplo, a Magazine Luiza (BVMF:MGLU3). Suas ações se valorizaram em até 80 vezes entre 2016 e 2021.
Muitas pessoas enriqueceram com um único ativo. Parecia simples: comprar MGLU3 e aguardar o lucro. A empresa parecia invencível, destinada a dominar o varejo brasileiro.
Contudo, o que se seguiu é de conhecimento geral: desde o pico em 2021, suas ações despencaram 95%. Um exemplo clássico de um 'Sol financeiro' que se apagou nos últimos anos.
Podemos, é claro, nos beneficiar de padrões enquanto eles persistem. Mas, no mundo dos investimentos, perceber a quebra de um padrão é crucial e mais significativo do que qualquer outra coisa.
Se até o Sol não é garantido para todas as manhãs da eternidade, o mesmo se aplica às suas ações preferidas.
Reflexão é importante para quem investe. Aguardo vocês no próximo artigo!