Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com.
- Alta volatilidade no mercado futuro da madeira em 2021
- Nunca opere ou invista na madeira futura, mas acompanhe de perto o mercado
- Madeira toca o fundo
- Alta pode ser dramática
- Weyerhaeuser segue a madeira, tem liquidez, porém menos volatilidade
O preço da madeira reflete a demanda por novas casas e novas construções nos EUA. Durante períodos de expansão econômica, a madeira tende a se valorizar e vice-versa em períodos de contração.
A madeira é altamente sensível a taxas de juros, na medida em que o aumento das hipotecas reduz a demanda por novas residências, e o contrário também se aplica: taxas hipotecárias menores aumentam a demanda e a construção.
A madeira serrada é um mercado futuro altamente ilíquido, com baixo nível de posições em aberto e volume de negociação reduzido. As posições em aberto são o número total de operações de compra e venda que não foram encerradas. O volume é o número de contratos que mudam de mão entre compradores e vendedores. Mercados ilíquidos sofrem com lacunas de preço e incrível volatilidade, dado que as ofertas de compra e venda tendem a se evaporar fortes movimentos de alta e de baixa.
O mercado futuro da madeira registra fortíssimas oscilações de preço. Depois de atingir a mínima de US$251,50 por 1.000 pés-tábua durante o primeiro trimestre de 2020, o preço subiu 6,8 vezes nos catorze meses seguintes, alcançando o recorde de US$1711,20 em maio de 2021. Os juros baixos, a demanda por novas residências, gargalos de oferta e a redução da atividade das madeireiras durante a pandemia fizeram os preços do produto disparar em um movimento parabólico. Esse rali se tornou uma faca em queda a partir de maio até agosto de 2021.
É bom ficar bem longe do mercado da madeira, que sua volatilidade costuma ser bastante perigosa. No entanto, o Weyerhaeuser (NYSE:WY) (SA:W1YC34)opera como um fundo de investimento no mercado imobiliário ligado à indústria da madeira. Seus preços tendem a seguir a cotação da madeira serrada nos EUA. O WY oferece mais liquidez do que a madeira futura. Suas ações tendem a performar pior que a madeira nas altas e melhor nas baixas. Além disso, o WY paga aos acionistas um dividendo atraente.
Alta volatilidade no mercado futuro da madeira em 2021
A madeira serrada futura está tendo um 2021 alucinante, e o ano ainda não acabou.
Fonte: CQG
O gráfico semanal mostra o movimento parabólico de US$650 em janeiro até o recorde de US$1.711,20 por 1000 pés-tábua em maio. A madeira jamais havia sido negociada acima do nível de US$493,50, máxima de 1993, antes de 2017.
A madeira parou de registrar compras em maio, e seu rali explosivo acabou virando uma faca afiada em queda, massacrando que tentou comprar na liquidação inicial. Três meses depois, em agosto de 2021, o preço tocou o fundo a US$448, menos de um terço do preço registrado na máxima de maio.
Nunca opere ou invista na madeira futura, mas acompanhe de perto o mercado
Eu opero commodities desde o início da década de 1980, comprando e vendendo contratos futuros em praticamente todos os mercados dos EUA e Reino Unido. No entanto, nunca operei um contrato futuro de madeira serrada sequer.
Desde 2020, o número de posições em aberto nunca ultrapassou a marca de 5000 contratos. A métrica ficou em 2.039 contratos em 19 de outubro. A última vez em que 1000 contratos trocaram de mãos em um pregão foi em 28 de junho, quando o volume foi de 1.036. Em 20 de outubro, apenas 308 contratos de madeira foram negociados.
A madeira serrada é uma commodity altamente volátil, mas as métricas de posições em aberto e volume fazem com que seja altamente ilíquido. A liquidez é essencial, pois permite que os participantes do mercado comprem e venda com uma pequena lacuna nos preços. A madeira é como um motel barato: é fácil entrar em uma posição de risco quando você está no lado errado do mercado, mas fechar essa posição sem uma perda devastadora é outra história.
Nunca opere ou invista na madeira futura, mas acompanhe de perto o mercado. Eu considero a madeira serrada uma matéria-prima industrial muito relevante, tanto quanto o petróleo e o cobre. A madeira serrada é altamente sensível aos juros e ao setor de construção nos EUA. O preço tende a subir durante períodos em que a economia se expande e a cair quando há uma contração. Além disso, a madeira serrada geralmente serve de barômetro para outros mercados de matérias-primas. Eu considero a madeira serrada como um mercado fundamental, mas nunca participarei dele se não houver uma drástica mudança nos seus parâmetros de liquidez.
Madeira toca o fundo
Em meados de agosto, o contrato futuro contínuo de madeira serrada tocou o fundo a US$448 por 1000 pés-tábua.
Fonte: CQG
O gráfico diário ilustra que o contrato futuro para novembro tocou a mínima de US$462 em 20 de agosto. Desde então, a madeira serrada vem registrando mínimas e máximas ascendentes, subindo para US$789,90 em 12 de outubro. Em 20 de outubro, o preço estava acima do nível de US$675, com a madeira corrigindo desde a máxima recente.
Alta pode ser dramática
Em 2021, a madeira serrada reverteu sua tendência de alta, caiu forte e depois voltou a subir. Os seguintes fatores dão suporte ao movimento do produto em 2022:
- Inflação – O Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) continua chamando as pressões inflacionárias de transitórias. Os últimos dados do IPC vieram fortes e mais altos do que as expectativas do mercado. O Fed começará a reduzir a flexibilização, mas o tapering não é um aperto do crédito. Além disso, o financiamento da dívida de US$30 trilhões dos EUA deve manter um teto baixo para os juros. Cada alta de 25 pontos-base custa US$75 bilhões nos custos de serviços da dívida. O banco central tem poucas opções de política monetária atraentes. A continuidade dos juros baixos favorece a madeira serrada.
- Demanda por novas residências – Existe uma escassez de casas novas nos EUA. A ação dos preços no mercado imobiliário tem sido explosiva. Embora a necessidade de novas construções deva arrefecer nos próximos meses, tudo indica que a demanda voltará com tudo após o inverno local. A construção de novas residências requer muita madeira nos EUA.
- Reconstrução da infraestrutura – O governo americano eventualmente aprovará um pacote trilionário de infraestrutura. A reconstrução de estradas, pontes, túneis, aeroportos, escolas e edifícios governamentais aumentará a demanda por madeira serrada, já que ela é um insumo fundamental para o setor de construção americano.
- Gargalos na cadeia de fornecimento – O abastecimento do mercado com matérias-primas e produtos acabados tem sido um enorme desafio. As madeiras saem da floresta, vão para o corte e depois são levadas para os consumidores. Os problemas na cadeia de fornecimento continuam criando escassez, e a madeira deve sofrer assim como os outros produtos.
- Alta dos preços de energia– As commodities energéticas tradicionais atingiram máximas plurianuais. O custo de processar a madeira até que ela atinja o grau de construção disparou. À medida que o custo dos bens vendidos sobe, os preços da madeira também tendem a subir.
- A tendência - A tendência é sempre a sua melhor amiga nos mercados. Desde a mínima de agosto, o caminho de menor resistência para os preços da madeira é para cima.
Acima do pico recente de US$790, o próximo alvo de alta no mercado futuro da madeira é a resistência técnica da máxima do fim de junho, em torno de US$850 por 1000 pés-tábua. Acima desse patamar, o próximo alvo é US$1000.
Weyerhaeuser segue a madeira, fornece liquidez, porém com menos volatilidade
O Weyerhaeuser tende a se movimentar para cima e para baixo conforme o mercado futuro da madeira serrada, mas, por se tratar de um fundo imobiliário com exposição a madeirais, oferece liquidez aos participantes.
A US$37,31 por ação em 20 de outubro, a capitalização de mercado do WY era de US$27,57 bilhões. O volume médio de negociação do papel é de 3,7 milhões de cotas por dia. Além disso, como fundo imobiliário, o WY paga aos cotistas um dividendo de US$0,68, o que equivale a um rendimento de 1,82%.
A madeira serrada futura subiu da mínima de US$251,50 em março de 2020 até a máxima de US$1.711,20 em maio de 2021. A maioria se valorizou mais de 6,8 vezes. Seu preço, então, caiu 73,8% até a mínima de US$448 antes de se recuperar até o nível de 789,60 em 12 de outubro, uma alta de 76,3% desde a mínima de agosto.