Nas últimas semanas, a discussão sobre os assuntos que têm contribuído para um mercado mais volátil tem girado em torno, sobretudo, da Guerra e do ciclo de juros nos EUA. Ainda que sempre lembradas pelos gestores, as eleições no Brasil ainda estão um pouco fora da pauta. Há quem diga, inclusive, que os fatores envolvidos na disputa ainda não estão precificados na bolsa.
Por isso, sem citar nomes, quero trazer um pouco do que ouvi de algumas casas de investimentos nas últimas semanas sobre o tema.
De forma resumida, vi muitas pessoas ainda sem um lado definido, pois, em última análise, o mercado “já conhece” o perfil dos principais candidatos: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual presidente Jair Bolsonaro (PL). Um ficou no poder durante oito anos e o outro, se encaminha para o fim do quarto.
Em outras eleições, o debate girou muito em torno do aspecto do câmbio, do congelamento da poupança. Contudo, desta vez, o ex-presidente surpreendeu ao dizer que o Banco Central não deve servir ao presidente, mas, sim, ao país.
Em resumo, isso foi entendido pelo mercado como uma intenção de manutenção da independência da entidade monetária, considerado um dos principais fatores de risco para o país.
No fiscal, há quem diga que tanto um quanto o outro estejam no mesmo caminho e que a grande preocupação é um populismo irresponsável que possa comprometer ainda mais as contas públicas.
Aqui, vale ressaltar a fala do ex-presidente sobre a política econômica e a sua recusa em discutir o tema, tão importante neste momento para o país.
Contudo, também existem opiniões que fazem sentido sobre Jair Bolsonaro.
De fato, houve problemas em seu mandato, mas todos concordamos que o presidente em exercício enfrentou uma das piores crises econômicas da história moderna. Certamente, a Pandemia poderá ser lembrada ao lado de eventos como a Grande Depressão, em 1929.
Aliás, sobre o atual chefe do executivo, alguns agentes de mercado se dividem. Caso o próximo mandato seja parecido com os dois primeiros anos de governo, é algo a ser visto como positivo uma vez que houve, de fato, uma austeridade fiscal.
Porém, a partir do terceiro ano vimos uma guinada e o teto de gastos foi rompido. As dificuldades para a aprovação de reformas também foram percebidas como negativas, uma vez que essa foi uma das grandes bandeiras defendidas pela sua equipe durante a campanha das eleições de 2018. Contudo, parte importante da equipe econômica, especialmente Paulo Guedes, permanece no governo, algo que também é visto como positivo.
O que fica claro é que, sobretudo agora, o mercado não tem um lado muito bem definido. A questão é que os gestores já conhecem os dois principais candidatos. E, ao contrário do que muitos pensam, talvez a terceira via é que, de fato, possa trazer um horizonte desconhecido.
Por último, eleito Lula ou Bolsonaro, o importante é que o investidor saiba posicionar a sua carteira de um modo que ela esteja protegida, não importando o cenário. A diversificação é fundamental neste sentido.
Mesmo com eleições, seguiremos com juros altos e inflação pressionada. Neste sentido, é preciso buscar títulos e, na bolsa, diversificar os ativos a fim de oferecer um bom equilíbrio ao seu portfólio. Pense nisso!