Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com. Publicado originalmente em inglês em 16/10/2020
Desde meados de junho, as ações dos bancos americanos estão andando de lado, e essa tendência não deve mudar tão cedo. Com a inflação em baixa e a promessa do Fed de manter os juros reduzidos pelos próximos anos, tudo indica que os bancos enfrentarão dificuldades. O ambiente de baixas de taxas de juros deve restringir a capacidade dessas instituições de gerar receita líquida adicional com a oferta de crédito.
Os resultados trimestrais e as projeções de ações como Wells Fargo, Bank of America e Citigroup foram mistos, fazendo com que esses bancos registrassem fortes quedas. Até mesmo o JPMorgan observou que a margem líquida de juros seria pressionada em 2021. Isso pode fazer com que as ações caiam ainda mais nas próximas semanas, com base na análise técnica.
Os juros estão historicamente baixos. O Fed afirmou, em suas últimas projeções, que a taxa dos fundos federais permaneceriam perto de zero até 2023. Isso torna ainda mais difícil que os bancos aumentem seu lucro com empréstimos. Uma área em que essas instituições podem se beneficiar é o sobe e desce dos spreads das taxas de juros. Mesmo assim, como observou o JPMorgan em sua teleconferência, a margem líquida de empréstimos tende a cair para cerca de US$ 53 bilhões em 2021, ante aproximadamente US$ 55 bilhões neste ano. Da mesma forma, o Wells Fargo registrou um declínio de 19% ano a ano na receita líquida de crédito no terceiro trimestre.
Wells Fargo
O Wells Fargo (NYSE:WFC) está prestes a cair forte se não conseguir se segurar no suporte técnico em torno de US$ 22,50. Atualmente, a ação é negociada ao seu preço mais baixo desde março. Se a ação perder o suporte de US$ 22,50, poderá cair até cerca de US$ 16,00.
JPMorgan
Em paralelo, o JPMorgan (NYSE:JPM) também enfrenta dificuldades para avançar, mas está se saindo melhor do que o Wells Fargo. Suas ações não estão conseguindo romper a resistência em torno de US$ 104. Se o papel falhar em superar esse patamar, também pode registrar fortes perdas, já que seria a terceira vez em que tenta avançar e não consegue nesse preço, o que abriria espaço para uma correção até US$ 91,50.
Citigroup
O Citigroup (NYSE:C) também afirmou que sua receita líquida de empréstimos cairia no quarto trimestre, mas seria parcialmente compensada por outras áreas. Da mesma forma, os papéis do Citigroup vêm enfrentando dificuldades. Agora, eles estão se segurando no suporte técnico em torno de US$ 42,30. A perda desse suporte faria com que as ações corrigissem até cerca de US$ 39,25.
Bank of America
Por fim, o Bank of America (NYSE:BAC) também não parece estar em melhor situação, já que suas ações não conseguem ultrapassar a resistência a US$ 26,25. Assim como os outros bancos, o BoA sofrerá perdas importantes se não se estabilizar e ficar acima do suporte a US$ 23. Uma desvalorização abaixo desse suporte pode fazer com que o papel volte para US$ 21,30.
Pode levar algum tempo até que o grupo volte a mostrar força, já que as dificuldades geradas pela pandemia de coronavírus estão restringindo o crescimento econômico. Com a recuperação ainda em andamento, não está claro quando o mercado voltará a favorecer esse grupo novamente.
No geral, na falta de uma recuperação de receita e lucros, os bancos só se beneficiariam se os investidores começassem a priorizar o futuro do setor e dar múltiplos maiores a essas ações. Afinal, o resto do mercado acionário já registrou uma forte expansão dos múltiplos em 2020, por que o mesmo não se aplicaria aos bancos?