Eu sei que não é fácil manter sempre um horizonte de longo prazo em nossas estratégias de investimento, além de ser boring as hell.
Conforme o Felipe escreveu, “muitas vezes, longo prazo é só um papo de gente rica e/ou platônica”.
É verdade mesmo, principalmente se entendermos como um período indicativo a partir de 5 anos.
No entanto, a imaterialidade de um futuro tão distante não deveria nos impelir ao outro extremo: a fixação pelo passado recente e o hiperfoco no presente.
Nada é tão perigoso e potencialmente oneroso quanto se investir no presente.
Como alternativa prática, podemos trabalhar com recortes intermediários, definidos entre 18 e 24 meses à frente.
Assim, não dependemos de investir como as pessoas que já são ricas, mas também não precisamos nos limitar a uma mentalidade estática.
Aliás, essa janela de 18 a 24 meses é a preferida de uma das nossas principais referências na estante de financistas practioners: Stanley Druckenmiller.
Para ele, esse é o tipo de prazo distante o suficiente para capturar mudanças (conjunturais ou cíclicas) que estão sob gestação e que, portanto, ainda não foram incorporadas aos preços de tela.
E, ao mesmo tempo, não é um prazo tão distante a ponto de se tornar uma abstração idealista, completamente desapegada da realidade (exemplo: meta ESG de 100% de fabricação de carros elétricos em 2030).
Eu sou um fã pessoal daquilo que eu chamo de “janela de Druckenmiller”.
Não quer dizer que funciona sempre, mas já funcionou para mim inúmeras vezes, e os ganhos superam largamente os prejuízos – de forma que eu me deixo contagiar por certo ânimo toda vez que me vejo diante de uma potencial abertura de janela.
Neste exato momento, enxergo a fresta de sol nascente para o próximo grande bull market no Brasil, intimamente correlacionado com os ciclos eleitorais.
Eu sei, parece algo intangível para quem está fixado no passado recente, e para quem gosta apenas de investir no presente.
Mas é urgentemente apelativo segundo a ótica de Druckenmiller, já que o piso do intervalo de 18 meses aponta para quando a disputa presidencial começa a pegar fogo e o topo do intervalo já abarca sua definição.
Como corolário, acho que cabe aqui um esforço adicional para restringir as lamentações de curto prazo e evitar sonhar com eventuais promessas fartas de longo prazo.
Vamos vivendo uma janela de cada vez.