Line up do porto de Rio Grande mostra bem o panorama do mercado neste instante, compras locais avançando pouco e a busca por mesclas e “melhoramentos” para não perder os mercados de farinhas de trigo abertos nos últimos anos.
Fomos observar hoje a nomeação de navios para embarques de trigo gaúcho para exportação, diante de reportes de grandes volumes negociados para este fim e com baixa exigência quanto aos teores de DON. No entanto os navios de trigo observados não tinham somente esta finalidade (exportação).
Conversas com traders ontem reportaram a necessidade de compra de trigo paranaense fraco para mesclar nos lotes gaúchos e fechar a qualidade e a sanidade exigente para alguns contratos de exportação. Uma conversa de bastidores e que deve se reportar a algo pontual, já que o frete do interior paranaense ao porto gaúcho inviabilizaria operações de venda.
Cargas de trigo armazenados no porto com destino ao interior (distribuição de importações) e no sentido inverso estão previstas (entregas para exportação via barcaças) estavam sendo programadas/realizadas.
Assim como a operação de descarga em um navio originado dos portos argentinos de San Lorenzo e Rosário. Trigo argentino para mescla e/ou uso exclusivo para moinhos gaúchos seguirem nos mercados mais exigentes em qualidade industrial e cor (massas secas, massas frescas, mesclas de panificação), algo que não seria possível diante da qualidade do trigo atual.
Outro dado curioso foi o recebimento de um navio carregado com “Glúten de trigo, mesmo seco” em 5.000 toneladas, ou seja, uma quantidade expressiva. Os preços oferecidos pelo produto no mercado internacional foram elevados na maior parte do ano por conta da perda de qualidade do trigo na China na safra anterior, origem reconhecida como importante fornecedora deste produto.
Para quem não sabe, este produto é costumeiramente usado para melhorar massas e farinhas quanto ao teor de glúten, melhorando os parâmetros de crescimento e estabilidade destes produtos, entre outros atributos. Algo necessário diante da colheita com baixa força de glúten, estabilidade, falling number, etc na safra atual gaúcha.
Com dólar elevado, estes dois navios acima citados mostram risco à competitividade do trigo e dos moinhos locais no ano safra.