Essa semana foi, de maneira geral, boa para quem investe em criptomoedas. Houve retornos positivos na atual principal criptomoeda, o Bitcoin, e diversas notícias relevantes como o lançamento da rede da IBM para pagamentos interbancários usando Stellar, listagem do próprio token Stellar, XLM, na Coinbase, anúncio do Bitcoin Cash implementar as assinaturas de Schnorr e outras novidades relacionadas a ASICs e roadmaps. De maneira geral, podemos perceber um certo otimismo.
Apesar de todos esses sinais, o que mais me animou na semana foi ver quantas pessoas de altíssimo nível técnico permanecem debatendo as inovações nas criptomoedas. De acordo com um debate movimentado majoritariamente por Peter Rizun da Bitcoin Unlimited e Emin Gün Sirer de Cornell, a Lightning Network possui problemas relacionados à liquidez que mudam o valor das transações nela:
A lógica seria que de acordo com a topologia da rede e da demanda por transações, haveria a necessidade de pagar por um redesenho dos canais para maior acesso à liquidez. Esse redesenho custa taxas on-chain. A depender da criptoeconomia, nesse caso ainda haveria certas demoras e preços consideráveis, algo que blocos maiores -- a solução de Rizun -- não teriam. A discussão se deu em termos interessantes de finanças e alguma matemática (combinatória) intuitiva como pode ser visto no tweet de Rizun tentando provar seu ponto.{{%twitter%https://twitter.com/PeterRizun/status/1107827352350777344%twitter%}}
Evidentemente, não há solução fácil para esse problema. Aumentar os blocos não é suficiente para transações rápidas o bastante. Ainda que eu seja entusiasta da solução proposta por Joannes Vermorel de blocos mais que gigantescos, terantescos, não haveria a mesma velocidade proposta pela Lightning Network para pequenas transações. Mesmo outras tecnologias concorrentes como o Litecoin, em tese uma prata usada para pequenas transações se comparada ao ouro Bitcoin, precisam da Lighning Network para escalar a níveis adequados. O debate está em aberto.
Na literatura acadêmica sobre gestão da inovação, o pesquisador italiano Giovanni Dosi e seu coautor Massimo Egidi afirmam que há dois tipos de incerteza. Um é fruto de informação incompleta, o outro é fruto de baixa capacidade preditiva sobre como os procedimentos que ele adotará geram consequências positivas ou negativas. Não há informação o bastante que pode fazer uma pessoa a prova de erros. Muito do que temos em criptomoedas segue essa segunda linha: ainda não sabemos as consequências das tecnologias por inteiro. É desejável que haja tantas pessoas capacitadas procurando várias soluções, porque isso aumenta as chances de uma inovação real. Por agora, vale ficar atento a maioria da discussão desses especialistas, sem tribalismos ou favoritismos tecnológicos extramente radicais. O ponto alto da discussão, para mim, foi o tweet de Rizun reconhecendo isso e mostrando a maturidade técnica desse mercado tão recente:
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