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Liberalismo de Ocasião, Populismo na Veia

Publicado 01.03.2021, 12:03
Atualizado 09.07.2023, 07:32
CL
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PETR4
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Quem nos conhece sabe dos nossos posicionamentos. Sempre fomos idependentes, nunca nos jogamos em nenhum projeto político com promessas milagrosas ou imediatistas. Como sempre dizemos, somos "observadores da cena", nunca assumindo posição ideológica "strictu sensu", até porque não achamos no espectro político do País, lideranças que nos convencessem. Pelo menos, por enquanto. 

Na verdade, nossos acompanhamentos são baseados mais em propostas, em agenda de governo, políticas públicas adotadas. Se estas forem, em conjunto, bem "amarradas", tiverem uma lógica, um conteúdo consistente, início, meio e um fim, damos o devido “benefício da dúvida”. Apoiamos os "policymaker", os formuladores de política econômica. 

Nosso interesse é apoiar ideias, não candidatos personalistas. Este papo de "líder carismático", por exemplo, não cabe. Reflete, isso sim, um terrível ranço populista, do nosso passado getulista, e mais recentemente, lulista. Achamos que uma sociedade não deve se apegar a líderes messiânicos ou carismáticos. Isso não é saudável para uma democracia. Temos que nos ater a ideias, a projetos e não aos personalismos de um “líder”. 

Vivemos o momento mais dramático da história da humanidade e, em particular, do País. Uma PANDEMIA devasta nações, milhões de pessoas já padeceram e a luta agora é pela vacina, pela imunização em massa. Daí a importância de um presidente com sensibilidade, humanidade e clareza de ideias, como dizem, “tirocínio suficiente”, para enxergar este momento.

Infelizmente, isso pouco acontece. Temos um presidente extremamente desconfiado sobre quem o cerca, e que nega o óbvio!  Para ele, a pandemia não é tudo isso que apregoam, morrem pessoas, mas é preciso "viver", ir para a rua, trabalhar, não usar máscaras. Para ele, é a economia que mais importa. Ao nosso ver, um tiro no pé. 

Nesta PANDEMIA, estamos em velocidade estonteante de óbitos, recordes diários sendo batidos, mais de 1,3 mil mortes ao dia, 255 mil até agora. E esta tendência não parece reverter. Só aumenta! A maioria das capitais vive, nas suas redes hospitalares, em risco de ruptura, pela quase ocupação completa dos leitos dos CTIs. 

E o presidente? Como se comporta? 

Nega, relativiza, questiona o uso de máscaras, nega o isolamento, é um opositor ferrenho da vacinação em massa. Em eventos públicos, em vez de comparecer protegido, aparece sem máscara, abraçando as pessoas. Não vai aos hospitais, prestar solidariedade, dar apoio às equipes médicas, todas no limite do esgotamento, com carência de recursos. Prefere ir a eventos militares, formaturas, muitas vezes, desnecessárias da presença de um presidente da República!  

Nos parece algo totalmente sem sentido! Todas as suas aparições possuem um interesse eleitoral, militarista ou provocador. Ele se move em confrontação e não pacifica a sociedade. Este deveria ser seu objetivo. Unir a nação, acalmar os espíritos. Sim, sua luta, às vezes, é contra os grandes grupos de comunicação, contra a esquerda mais radical, contra os que se opõem a ele. Mas deveria ser também a favor da vida, das pessoas, dos que se empenham pela luta contra a PANDEMIA. 

E o que dizer sobre a batalha pelas vacinas? Antes, negou a Coronavac, não se programou ou organizou para fechar o fornecimento de outras vacinas pelo País. A conduta do seu ministro da Saúde, Gen Pazuello, foi no mínimo irresponsável.

Na verdade, seu governo tem sempre uma equação política por detrás, talvez pensando em 2022.27

Como deveria ser? Em momentos cruciais, um presidente, em regime democrático e republicano, deve ser o “farol de uma nação”. Suas recomendações reverberaram, tudo que ele fala tem impacto (positivo ou não, dependendo). Tudo que um presidente faz ou defende, é seguido por muitos, no interior, nas profundezas deste País continental. Não é possível transmitir o erro, a inação, o negacionismo! Não se pode açodar os ânimos, provocar. É necessário sim propagar a concordia e a união. O momento é de comoção nacional. 

Experiências vividas demonstram que nesta pandemia as únicas medidas protetivas são o isolamento social, o uso de máscaras e de álcool gel. Não tem jeito. Além disso, é urgente a luta pela vacinação em massa. Nada disso é defendido pelo presidente! 

E o pior é que seu apoio político vai se "esfarelando". Apenas os mais subservientes continuam. Muitos estão saindo. 

O próximo, ao que parece, pode ser o super ministro da Economia, Paulo Guedes. Uma conjunção de fatores contribuem para isso. Paulo Guedes nunca teve o devido apoio politico para tocar sua agenda. Culpa do Congresso? Em parte sim. A gestão de Rodrigo Maia foi, muitas vezes, de sabotagem, numa luta surda por evidência política, talvez também pensando em 2022, mas também pelo clima de confrontação criado pelo presidente. Guedes, na verdade, sempre navegou em mares tempestuosos. O presidente foi se distanciando quando as reformas iam para o Congresso. Para piorar, Guedes foi perdendo quadros importantes.

O mais recente episódio veio da decisão intempestiva de Bolsonaro ao demitir o CEO da Petrobras (SA:PETR4), Roberto Castello Branco, um tremendo gestor, doutor por Chicago, muito qualificado. Por causa disso, em função desta intervenção, na semana passada a empresa perdeu mais de 400 bi do seu valor em bolsa de valores. E o pior é que esta saída de Castello Branco veio na esteira da divulgação de um resultado muito bom no quarto trimestre (R$ 59,9 bi). 

Pela nossa leitura, o estopim da saída pode ter sido provocado pela falta de sensibilidade de Castello Branco ao sancionar um reajuste forte do diesel e da gasolina, num momento em que a ameaça de greve de caminhoneiros estava na mesa do governo. Era negativo para o mercado, também, a decisão da estatal de ampliar a avaliação do preço dos derivados de petróleo, à luz das oscilações no mercado internacional do barril, de três meses para um ano. 

Sai Roberto Castello Branco da Petrobras, entra agora Joaquim Silva e Luna, ex-presidente da hidrelétrica Itaipu. Por lá, dizem, fez uma boa gestão, saneando a empresa. Mas em apenas dois anos. 

Quando não faltava mais nada, vem o presidente num discurso, defendendo que "as estatais devem ter uma visão social". Como é isso? 

Estatal, por si só, já é algo anacrônico. Somos de opinião que todas já deveriam ter sido privatizadas. A única que, talvez, poderia ser mantida, desde que redimensionada, seria o BNDES, o resto... 

Na verdade, empresa, pública ou não, tem que buscar resultado. Tem que ser lucrativa. Apurado seu resultado pode até distribui-lo aos acionistas. Pode patrocinar variados projetos, desde que tenha lucro ou receita para tal. Mas isso deve obedecer a uma estratégia, a um plano de negócios. 

Além disso, tudo que ela fizer deve se reportar ao mercado de ações, por ser uma S.A. O seu lucro ser alocado em projetos sociais? Depende dos conselheiros, depende da estratégia, depende dos projetos, depende dos acionistas...O acionista minoritário tem o direito de saber, o mercado de ações tem o direito de se posicionar. Se não, fecha o capital da empresa! 

Outra questão. Me parece óbvio a movimentação agora em torno da distribuição de diretorias da petroleira para o Centrão. O desmonte da gestão Castello Branco, afinal, pode ter servido para isso. “Acomodar forças políticas”. 

Somos da opinião de que a Petrobras precisa ser redimensionada, reduzida nos seus passivos. Os militares, na sua visão estatista, no seu nacional desenvolvimentismo, não parecem ver isso. 

Vamos conversando.

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