100 Mil Pontos no Ibovespa: Retomada de Confiança Pode Alçar Brasil a Novos Tempos

Publicado 19.06.2019, 11:51
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Como um sopro, chegamos aos cem mil pontos e, efemeramente, voltamos a patamares inferiores. Passados mais de oitenta dias e após o acúmulo de algumas rugas a mais diante do panorama político-econômico global, chegamos ao momento em que temos chances concretas de firmar resistência acima dos tão almejados cem mil pontos.

Mais que um simples número, a ultrapassagem da marca é importante na heurística psicológica e prática dos investidores. Se aplicadas atualizações inflacionárias, o Ibovespa ainda segue longe do mesmo nível de 10 anos atrás, antes da crise do subprime. Técnica e/ou fundamentalmente, estamos num ponto de inflexão das expectativas capaz de redinamizar a forma de investir do brasileiro, mesmo os quase três meses que nos separam de 18 de março tendo sido pesados e marcados por uma série de choques.

Embates políticos, dissidências globais, ideologias tecnológicas, questões climáticas e até mesmo sanitárias foram algumas das turbulências pelas quais passamos. E, certamente, não pararemos por aí. O mundo e suas questões são variáveis complexas demais para qualquer analista ousar compreender.

Todavia, o anuviado cenário parece agora mais claro que outrora. Nacionalmente, o embate político entre o governo e o centrão continua longe do fim, mas as lideranças já entendem a importância de caminhar juntos, mesmo havendo discordâncias. Essa diminuição de intranquilidade e efervescência, por mais sensível que seja, já enseja aos brasileiros a possibilidade de dias mais tranquilos.

Após o anúncio do PIB do primeiro trimestre, ficou evidenciado por meio do 9º aumento consecutivo do consumo das famílias e do PIB de serviços, que o problema do país não é necessariamente a demanda, mas sim a oferta, ainda restrita e defasada na maioria dos setores, que oligopolizados, tem dificuldade em encontrar o ponto ótimo entre seus proventos e a necessidade do mercado consumidor local.

Ainda dotadas de capacidade ociosa, as empresas brasileiras enfrentam resistência nos problemas conjunturais e estruturais que nosso país apresenta. Todavia, os mesmos problemas criam oportunidades que, de fato, podem ser bem exploradas. Exemplo maior é o setor de shoppings, em queda em boa parte do globo, mas que enfrenta no Brasil um pólo seguro dado a insegurança e falta de infraestrutura do país em desenvolver o delivery. Ademais, a necessidade de sinergia entre as lojas físicas e as vendas online é um importante vetor para a implementação de click&collect e, por conseguinte, de modelos omnichannel de vendas.

Sabe-se que a recuperação econômica do Brasil não advém de uma ou outra canetada. Até porque, variáveis financeiras têm seu tempo até proverem efeito verossímil em variáveis reais. Nesta seara, a aprovação da reforma da previdência tem papel providencial, sendo o único trigger, neste momento, capaz de destravar as amarras e assimetrias financeiras existentes e diminuindo o hiato atuarial que hoje existe nas diversas camadas regidas por seus diferentes planos e regimes.

A equalização (notoriamente não de todo) de boa parte das inequalidades significa a melhora das expectativas, podendo inclusive tornar factível a vinda de empresas dotadas de processos mais maturados, capazes de melhorar o cotidiano do brasileiro, impactando até mesmo a formação de preços, e facilitando o acesso do país a tecnologias hoje mais distantes, além de conceitos de negócio hoje restritos aos países em elevado estágio de desenvolvimento.

A melhora do cenário nacional pode trazer mais players ao nosso hoje combalido e envelhecido conceito de fazer negócio (e nisso inclui-se bancos, companhias aéreas, empresas de varejo.. ), que, com o advindo da concorrência, não tem escolha senão efetuar melhoras de processos que culminem em uma redinamização da eficiência e, por conseguinte, no provimento de melhores serviços aos brasileiros que, dotados de mais alternativas, irão continuar ampliando a carteira de crédito expandida do sistema bancário, só que, diferentemente da expansão atual, verificada através dos balanços do primeiro trimestre, esta virá com maior aspecto qualitativo.

A chave do processo é entender não suas nuances e sim, sua existência. O Brasil não precisa mudar de uma hora para outra, e deve sim, explorar suas vantagens comparativas. Fortalecer os setores em que já somos fortes é o primeiro passo para criarmos um terreno pleno, consciente e crescente de prosaicas cadeias mercadológicas que venham a fomentar um maior ritmo de velocidade da moeda sem que isso tenha viés inflacionário, além da criação de novas possibilidades e a explosão de ideias e conceitos produtivos que, com o tempo, podem diminuir a dependência brasileira dos mercados internacionais e, especialmente, dos setores que demandam produtos de maior complexidade e valor agregado dentro da cadeia produtiva nacional.

Mas como dissemos anteriormente, esse choque de oferta não é automático e nasce com investimentos corretos, alocação de recursos fiscais executadas com elevado nível de consciência socioeconômica e o provimento de um mais justo e equalitário mercado consumidor. O brasileiro é a primeira salvação do Brasil. Como um avião, não podemos esperar que o passageiro ao lado nos coloque a máscara. Precisamos ousar, tomar o primeiro passo e ganhar jardas neste concorrido mercado globalizado, para então, com maior domínio sobre nossas forças e fraquezas, efetuar as ações necessárias visando o provimento de uma melhor condição de vida aos brasileiros.

Incerteza, sempre teremos. Choque dos suínos na China, das proteínas nos EUA, choque extrativo com os problemas da Vale (SA:VALE3), embate entre os produtores de papel da China e os fabricantes de celulose no Brasil... os problemas se vistos por sua quantidade são grandes. Neste momento, faz-se importante o governo concentrar forças na solução das questões tangíveis. E isto está sendo feito, por meio da aprovação de MPs, da adoção de uma política fiscal mais robusta e da concessão de condições mais favoráveis a mercados importantes. Obtivemos um importante respaldo por parte do STF no que tange a decisão com relação a venda de ativos por parte da Petrobras (SA:PETR4).

O desinvestimento vem sendo um vetor importante para outras empresas, como a Eletrobrás, cujo sucesso na adoção do processo levou o governo a repensar o valor correto para o futuro leilão da empresa. O evento corrobora a necessidade de serem tomadas atitudes que causem ganho tanto a nível estatal como privado. Não que os tempos tenham ficado mais fáceis, mas estes mais de oitenta dias já mostraram ao governo qual deverá ser sua base de sustentação, os obstáculos a superar e a forma de agir para o próximo quadriênio.

E os cem mil pontos? A verdade é que, a marca é uma barreira cardinal que mais cedo ou mais tarde será facilmente dirimida pelo mercado. A atual movimentação do Banco Central brasileiro, esperando para agir e sendo mais assertivo em suas movimentações é um forte indicativo que o país prioriza, hoje, atitudes mais contundentes e mais fortes qualitativa que quantitativamente.

O correto alinhamento nacional pode vir a ser favorecido no curto prazo com a adoção de nova frente macroeconômica por parte do FED. Assumindo haver a possibilidade de baixar juros, é mais provável vermos a alocação de recursos provenientes do exterior em mercados mais emergentes, como o nosso. Aí que a entra a nossa capacidade de recepção de tais. Com a inflação estabilizada, a situação política menos efervescente e criado um cenário de equilíbrio econômico que permita a adoção de práticas expansionistas, o BC terá a faca e o queijo na mão para decidir sobre o correto andamento da política monetária e, assim, estarão reunidas as condições necessárias para o Brasil alçar voo além das cem mil milhas.

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