A cadeia produtiva de lácteos deve enfrentar mais um ano desafiador. Do lado da oferta, os custos de produção devem continuar espremendo as margens dos pecuaristas.
Há expectativa de preços de grãos em patamares um pouco menores que os do ano passado, mas os gastos com fertilizantes, suplemento minerais, combustível e energia devem permanecer elevados, tanto por conta do encarecimento desses insumos em termos globais quanto como consequência da persistente desvalorização do Real frente a outras moedas. Esse cenário pode continuar freando investimentos produtivos, como já ocorreu em 2021, limitando ainda mais o potencial de crescimento da atividade.
Com o dólar encarecido e a tendência de preços de lácteos firmes no mercado internacional, é possível que as importações de derivados sigam a mesma tendência de 2021. Nesse contexto, a oferta de leite em 2022 pode seguir enxuta.
Contudo, diferentemente de anos anteriores, 2022 sinaliza um cenário macroeconômico mais desafiador para a demanda, porque combina alto patamar do desemprego, elevação da inflação e da taxa de juros e maior endividamento das famílias. Com menor poder de compra, o consumo de lácteos é prejudicado, sobretudo para produtos com maior valor agregado.
Assim, as indústrias de laticínios podem se deparar com um contexto de acirrada competição tanto para a compra de matéria-prima quanto para a venda de lácteos em 2022 – o que pode impactar negativamente os níveis de preços nos segmentos produtivo e industrial e continuar freando investimentos no setor.