O que tem dado o tom no mercado financeiro nos últimos dias é a taxa de juros. Nossa Bolsa de Valores precisa muito que a taxa de juros caia para que os investidores comecem a tirar o capital da renda fixa para a renda variável. E porque isso também é importante para alguns segmentos da economia, como o de varejo e o de construção civil, que dependem de boas condições de financiamento – dinheiro mais barato – para aumentarem suas vendas.
Mas existe um outro cenário, na contramão do nosso. A economia dos Estados Unidos tem demonstrado força e não desaquece. Assim, o que deveria ser uma boa notícia acaba pressionando o FED – o Banco Central dos Estados Unidos – a subir o juro por lá com o objetivo de reduzir o consumo e, consequentemente, derrubar a inflação.
O FED parou de elevar suas taxas na última reunião, mas com esse cenário é possível que venham mais aumentos pela frente. Caso contrário, a inflação não vai ceder. E por conta disso, nossa Bolsa de Valores sente muito, tanto que o volume negociado vem diminuindo, o que é um tanto preocupante. Há questões pontuais como um feriado há poucos dias na China, que ajudou a prejudicar a cotação da Vale (BVMF:VALE3), cujo peso na B3 (BVMF:B3SA3) é enorme, entre outros, mas o que vem acontecendo para os lados do “Tio Sam” realmente influencia bastante.
É fácil entender o porquê. Conforme a taxa de juros sobe nos Estados Unidos e cai por aqui, o investidor passa a se interessar mais e mais pelo mercado da maior economia do mundo em detrimento do nosso. Mas isso não afeta apenas o Brasil, e sim o mundo todo. Consigo acreditar que nossa taxa de juros continuará a cair, mas até quando? Qual o ponto ideal? Quanto o BC vai conseguir cortar, enquanto o FED faz movimento contrário? Até qual percentual conseguiremos baixar, sem que haja evasão de capital da nossa Bolsa para a deles?
Vamos supor que nossa taxa chegue a 9%, e a dos Estados Unidos a 6%. O que você, investidor, prefere? Ter retorno de 6% em dólar ou de 9% em Real? Então, por mais que o Banco Central queira cortar juros aqui, temos a taxa americana como forte concorrente. Isso faz com que nossos títulos públicos percam atratividade aumentando ainda mais a quantidade de investimentos por lá.
Sendo assim, dificilmente vamos conseguir cortar muito, porque é impensável, para o Brasil, ter uma taxa de juros próxima à taxa americana e ainda querer que o dinheiro permaneça aqui. Atualmente, nossa Bolsa se encontra em torno de 115 mil pontos. Por causa deste cenário, não acredito que ela subirá muito nos próximos meses. Diferente do que eu pensava quando ela estava abaixo de 100 mil, pois tratava-se de uma precificação muito baixa. Com o DI futuro subindo, e nossa Selic caindo, não vislumbro outra consequência que não seja nossa Bolsa continuar a patinar nos próximos meses.