Nenhuma novidade, o Brasil paga as maiores taxas de juros reais, em comparação com os 40 títulos governamentais mais negociados no mundo.
A rara combinação de aperto monetário e inflação persistente assegura a posição de Brasil por muitos anos, que só perdeu por um breve momento para a Turquia em 2007 e na China em 2009.
Nenhuma novidade, os BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) ocupam as quatro primeiras posições no ranking, considerando as taxas de juros semelhantes e projeções de inflação (exceto para a China, que a previsão de inflação mais baixa leva a uma taxa real superior).
Mas será que é seguro para colocar o dinheiro no Brasil? Muitos dirão que as mudanças de regras e os riscos regulatórios não valem o ganho. Outros dirão que um novo provável governo vai transformar o Brasil em um lugar mais seguro para os investidores estrangeiros.
Ok, não há maneira de prever o resultado das eleições, nem se o atual governo vai conseguir ficar, nem se ele vai mudar as regras para investimentos em renda fixa no caso de um segundo mandato de Dilma Rousseff.
Mas existem alguns aspectos que explicam por que US$ 700 mi deixaram o Brasil este ano e por que a confiança não é tão alta. Como dito uma vez por James Carville: "É a economia, estúpido".
O país teve mais de uma chance de fazer as mudanças necessárias e importantes para reduzir, ou mesmo eliminar o conhecido "custo Brasil", que inclui um sistema tributário monstruoso e burocrático, um governo inchado, altos custos trabalhistas, a falta de investimentos em infraestrutura, baixa taxa de investimento e preços indexados. Produtividade para o ralo.
Essas questões deveriam ter sido tratadas desde o mandato de Fernando Henrique, mas passaram desde então e nenhum presidente teve a coragem de enfrentar o problema e arcar com o ônus político, ou bônus, das mudanças.
Tendo isso em mente, sabemos que a inflação no Brasil é e será uma realidade para muitos anos até que essas alterações sejam realizadas e assim as taxas de juros reais vão continuar a ganhar atenção.
Todavia, investidores raramente colocar todos os ovos na mesma cesta, ou seja, eles não podem contar apenas com a renda fixa e desde que a economia emite uma série de sinais negativos, investimentos como em private equity, ações, câmbio e vários outros sofrem a falta de atratividade. Mais uma vez, "É a economia, estúpido".
Em um cenário de crescimento econômico global e alta demanda por commodities, como em 2007, estes problemas puderam ser varridos para debaixo do tapete, mas não é mais possível. O novo governo, seja ele qual for, tem a difícil tarefa de colocar em prática as mudanças necessárias para melhorar a produtividade brasileira como um todo, ou então, nem sequer enorme desvalorização da moeda, incentivos tributários ou mesmo uma onda de protecionismo vão mais ajudar a economia brasileira.