Os investidores brasileiros de ativos de renda variável não tiveram um mês fácil em agosto. IFIX, Ibovespa e os títulos públicos pré-fixados de longo prazo tiveram um período de grande volatilidade e terminaram o mês apresentando desvalorização, enquanto o dólar se valorizou timidamente em relação ao real.
Essa situação pode ser explicada pelo otimismo dos mercados externos, que seguem apresentando dados fortes de desempenho econômico e valorização dos principais índices de ações, com a manutenção da taxa básica de juros em patamares historicamente baixos e próximos a zero, o que faz com que o investidor estrangeiro veja com estranheza a situação local e consiga achar oportunidades nos preços desvalorizados dos ativos brasileiros, fator que é reforçado pela forte entrada de capital estrangeiro nas ações listadas na B3 (SA:B3SA3) em 2021.
Ao longo do mês, foram divulgados índices econômicos nas principais economias do mundo, que reforçaram o otimismo dos investidores, mesmo com a volta do aumento de novos casos e mortes por covid-19, causada pela variante delta. A percepção agora é de que a fase de grandes lockdowns restritivos tenha ficado para trás, mesmo com o aumento no número de casos, principalmente nos países em que a população está majoritariamente vacinada e cumprindo os protocolos, como o uso de máscaras em ambientes fechados.
No Brasil, o otimismo com a recuperação da economia e com surpresas positivas de arrecadação do governo federal, que traz grande melhora para o resultado fiscal esperado para 2021, deram lugar às preocupações com o cenário fiscal de 2022 em diante e ao pessimismo dos investidores em relação a resposta do Governo Federal para esse cenário, já que medidas populistas são esperadas, visando a eleição do ano que vem. Essa situação foi agravada pela decisão do STF sobre o aumento em aproximadamente R$ 31 bilhões do valor do pagamento de precatórios para o ano de 2022, que faz com que o Governo tenha que encontrar soluções criativas para não furar a lei do teto dos gastos e deixa investidores apreensivos em relação a manutenção do discurso e das ações do Governo em relação a responsabilidade fiscal.
Nesse cenário, o Copom decidiu em sua última reunião elevar a taxa básica de juros da economia brasileira e sinalizar mais um aumento de mesma proporção para a próxima reunião que será realizada em setembro. Como a elevação da Selic e o discurso mais duro do Banco Central em relação ao controle da inflação não têm conseguido manter a expectativa do IPCA ancorada para 2021 e 2022, os juros futuros permanecem em elevação, fazendo com que o prêmio de risco para se investir em ativos de renda variável aumente consideravelmente, o que explica a desvalorização dos Fundos Imobiliários e o aumento do Dividend Yield médio dos FIIs, trazendo boas oportunidades para os investidores que buscam valorização e renda para o longo prazo.