O presidente do ECB, Mario Draghi, disse ontem que "será necessário mais estímulos", caso a expectativa de crescimento não melhore. Dentre o arsenal de medidas disponíveis, ele mencionou novas quedas de juros e mais compras de ativos. Mesmo que isso signifique aumentar os limites constitucionais de risco.
Pois pode avisar o Senhor Draghi que prepare sua carteira! Os dados de atividade vão de mal a pior.
O índice ZEW da Zona do Euro, que mostra as expectativas a respeito do crescimento econômico, mostrou uma queda vertiginosa no dado de junho publicado hoje.
A queda teve uma forte influência da Alemanha, cujo índice caiu de -2,1 para -21,1.
O dado assustará o Banco Central Europeu que, muito preocupado com a sustentabilidade de uma recuperação econômica, deve executar seu plano de aumentar os estímulos.
Enquanto eles sofrem por lá, sofremos também por aqui
No Brasil, a atividade segue fraca, e as revisões de crescimento para 2019 e 2020 não param de cair.
No relatório Focus de segunda, o PIB 2019 caiu de 1 por cento para 0,93.
Para 2020, a queda foi de 2,23 para 2,20.
Como consequência, a expectativa para a Selic no final deste ano também caiu de 6,5 para 5,75, chancelando, pela primeira vez, um ciclo queda ainda este ano que está precificado pelo mercado.
Os economistas das grandes instituições estão com projeções de Selic entre 5,5 e 5 por cento. O que indica que o Focus ainda pode seguir caindo.
O CMN (Conselho Monetário Nacional) também terá que decidir se cairá ou não a meta de inflação de 2022 para 3,5 por cento. As apostas estão todas dizendo que sim. Isso também deve beneficiar o humor da curva de juros.
Juntando a Selic menor, com a meta de inflação mais baixa, podemos ver novas quedas das taxas de mercado nos próximos pregões até o final deste mês.
Enquanto os juros seguem performando bem, a bolsa patina de lado, com as confusões políticas e os dados de crescimento sendo revisados para baixo.
Não perpetue este cenário!
Mas atenção!
Esta provavelmente será a última vez que os juros irão ganhar da bolsa, por um bom tempo!
Eu sei que estou parecendo uma vitrola quebrada. E que venho falando isso desde janeiro deste ano.
Claro que eu preferiria acertar o exato ponto de inflexão dos juros com a bolsa.
Mas sei também que é egocentrismo demais da minha parte desejar isso. Não vai acontecer.
Se eu tiver participado de 80 por cento da tendência de anos que queda nos juros, já tenho que estar feliz.
E tenho que avisar vocês também que a tendência está mudando, e temos que mudar com ela, independente se vamos sair no exato melhor momento ou um pouco antes.
Estamos na beira de passar a Reforma da Previdência e aumentaremos muito a perspectiva de crescimento e aumento da confiança no país.
Isso deve trazer muitos investimentos e fluxo de dinheiro. Deve influenciar muito este humor de depressão econômica.
Além disso, a queda adicional da Selic também servirá de suporte para a atividade, muito provavelmente fazendo o tão sonhado ponto de inflexão da recuperação.
Amanhã tem Copom, e embora eu não acredite em uma queda nesta reunião, estou confiante que o BC vai abrir caminho para queda na próxima.
Esse ponto de inflexão será, bem possivelmente, o ponto de inflexão também para o otimismo com a bolsa, podendo entrar em um período longo de valorização.
Depois de a Selic cair, os juros ficarão parados por um bom tempo, e a recuperação econômica deve manter as taxas longas pressionadas para não cair mais.
Ou seja, o cavalo será a Bolsa. E não mais os juros. Podendo inclusive ter perdas nos juros longos, se a atividade voltar mais forte.
Vou aproveitar meus últimos dias dizendo que a Renda Fixa é melhor que a Bolsa!! E rindo muito disso.
Mas por dentro eu sei que o inverno está chegando para mim.