Ao longo do mês de março, o mercado financeiro no Brasil continuou se beneficiando do fluxo estrangeiro em busca de retorno das taxas de juros atrativas. Com isso, vimos o dólar se desvalorizar frente ao real, atingindo R$4,74 com queda de 8,13% no mês.
O Ibovespa subiu 6,06%. A partir do dia 15 de março vimos o fluxo de recursos iniciar uma tímida pulverização para as Small Caps, ações demasiadamente depreciadas. Com isso, o SMLL subiu 8,81% no mês. O gatilho para esse movimento foi a percepção de que estamos muito próximos do ponto mais alto dos juros, fato confirmado por declarações do Banco Central.
Convivemos ao longo do mês com as trágicas notícias da guerra vindas da Ucrânia. Está se desenhando um conflito de prazo mais longo do que se esperava de início.
Num primeiro momento, em função da alta das commodities gerada pela guerra em si e pelos embargos impostos à Rússia, o Brasil se beneficia como um grande exportador de commodities. A balança comercial tem sido revisada para cima, gerando uma situação privilegiada das contas externas.
Em contrapartida, a inflação está pressionada, principalmente no que se refere aos itens ligados à energia e alimentos.
A extensão da duração da guerra na Ucrânia traz mais dúvidas ao cenário econômico mundial. As restrições de oferta em cadeias importantes de insumos (alimentos, energia, metais, dentre outros) já gerou mais um impacto imediato na inflação mundial e começa a gerar movimentos dos Bancos Centrais ao redor do mundo no sentido de elevar os juros. Os mercados futuros de juros já sinalizam aumentos relevantes das taxas.
A intensidade do ajuste monetário deve colocar a economia mundial em trajetória de redução de crescimento e pode até mesmo levar a uma recessão global no pior cenário. Este é o principal risco que está em pauta atualmente.
No cenário doméstico, a retomada da elevação da inflação em decorrência da guerra aparece no horizonte num momento em que os mercados estavam sinalizando o final do processo de alta de juros básicos pelo BC. Provavelmente o “pico” da Selic esteja um pouco mais à frente do que esperávamos no relatório anterior.
Por outro lado, o PIB dá sinais positivos em decorrência do desempenho de setores exportadores e da injeção de recursos governamentais (todos os níveis) na economia, gerando impactos favoráveis ao nível de empregos.
No caso do mercado de ações, o bom desempenho operacional das companhias dá o conforto de que as ações continuam em preços atrativos, o que deve motivar altas moderadas e seletivas, apesar do risco global mencionado anteriormente.
Sobre as eleições presidenciais no Brasil em outubro, deixaremos para comentar o assunto um pouco mais à frente. Bons negócios!