*Publicado originalmente no canal da Necton Investimentos no Telegram
Um movimento de queda ao longo da curva de juros no Brasil pegou muitos investidores de surpresa e correm explicações na Faria Lima sobre o fenômeno. Há duas "explicações" na mesa.
Uma dá peso a fala do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que disse a blogueiros que faria sim uma aliança com o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (sem partido), para governar o país e derrotar o presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2022. Isto foi visto, mais uma vez, como uma sinalização de responsabilidade fiscal por parte de uma eventual administração petista e justifica, então, a queda dos juros mais longos.
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No entanto, o real motivo nos parece outro. Não se trata da fala de Lula (se bem que o fato do mercado achar que é diz muito do mercado no atual momento), mas antes da leitura de que o Federal Reserve (Fed) irá controlar a inflação subindo os juros e simultaneamente diminuindo seu balanço. Se isso se confirmar, a diminuição do balanço tem efeito análogo à uma política monetária contracionista o que faria, em tese, que os juros não tivessem que subir tanto.
Isto tem forçado o mercado de títulos norte-americanos para cima, jogando os juros para baixo.
A fala de Lula é importante menos pelo que é de fato, mas antes pela interpretação que está sendo dada. Como diria Freud, quando João fala de José sei mais de João do que de José. O mercado está aos poucos incorporando de fato a perspectiva de o ex-presidente Lula ganhar, mas é necessário dizer que ainda tem que passar muita água por debaixo desta ponte.
Abaixo o comportamento da curva de juros hoje às 13:31. Em laranja os negócios hoje, em verde ontem, em azul um mês atrás e em vermelho em outubro de 2019.