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Publicado 11.01.2021, 08:25
Atualizado 10.01.2024, 08:22
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A primeira semana do ano foi marcada por acontecimentos políticos que devem ter novos lances nos próximos dias, chamando a atenção do mercado financeiro. Apesar de os investidores terem mostrado sangue-frio à invasão ao Capitólio, a chance de novos atos de grupos pró-Trump em 20 de janeiro, dia da posse de Joe Biden, será um teste de nervos.

No Congresso dos Estados Unidos, enquanto a Câmara se mobiliza para retirar Donald Trump do cargo, prometendo votar um impeachment rápido antes do fim do mandato, republicanos pedem a renúncia do presidente. Porém, é bom lembrar que quase 70% dos parlamentares do partido de Trump votaram para invalidar os resultados em dois estados.

Oito senadores e 139 deputados tentaram derrubar os votos do Arizona e da Pensilvânia. O percentual é quase equivalente ao de eleitores republicanos que acreditam que a eleição dos EUA foi fraudada. Tais fatos alimentam o discurso nas redes sociais, levando à suspensão de download do aplicativo de uma plataforma apreciada por esses apoiadores.

Diante da tensão que antecede a troca de comando na Casa Branca, o mercado financeiro não consegue se apoiar na perspectiva de mais gastos pelo governo democrata. Na última sexta-feira, Wall Street atingiu recorde, após o presidente eleito prometer detalhes nesta semana de um pacote trilionário, desta vez, para impulsionar o crescimento econômico.

Mas o rali dos ativos é interrompido hoje, mostrando maior cautela nos negócios. Os índices futuros das bolsas de Nova York amanheceram no vermelho, contaminando a abertura do pregão europeu, após uma sessão mista na Ásia. Xangai caiu mais de 1%, enquanto Hong Kong ficou de lado e Tóquio permaneceu fechada devido a um feriado.

Nos demais mercados, o petróleo recua, mas o barril do tipo WTI segue cotado acima de US$ 50, ao passo que o ouro avança. O juro projetado pelo título norte-americano de 10 anos (T-note) oscila em baixa, na faixa de 1,10%, enquanto o dólar recupera terreno em relação às moedas rivais.

De um modo geral, os investidores avaliam se exageraram no apetite por risco nos últimos meses, alimentado por expectativas de uma recuperação global, impulsionada por estímulos monetários e fiscais e eventual controle da pandemia com a ajuda de vacinas.

Ônus e Bônus

Aliás, no Brasil, o duelo político pelo protagonismo na vacinação contra a covid-19 deve seguir tenso. Apesar de já ter chamado o imunizante desenvolvido pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan de “vachina”, o presidente Jair Bolsonaro quer agora colher os louros com a CoronaVac e “ganhar mais uma” sobre o governador João Doria.

O Ministério da Saúde solicitou a distribuição exclusiva da vacina, confiscando todas as 10,8 milhões de doses que estão, desde dezembro, em posse do governo paulista. A disputa deve acabar parando novamente na Suprema Corte (STF). Na semana passada, o ministro Ricardo Lewandowski proibiu a União de usurpar insumos de vacinas de SP.

Mesmo minimizando a pandemia desde a chegada do coronavírus por aqui, Bolsonaro sabe que ações de combate à doença, como a volta do auxílio emergencial aos mais vulneráveis e um plano nacional de vacinação, podem garantir capital político para 2022. Além disso, fica mais fácil a negociação para eleger seu candidato à presidência na Câmara, Arthur Lira.

Aliás, uma nova rodada do benefício é tema central na disputa pelo comando das duas Casas no Congresso. Deputados e senadores defendem o cancelamento do recesso para a votação de temas relacionados à doença, que voltou a registrar média acima de mil mortes no país. Um novo decreto de calamidade também estaria na pauta.

Combinadas, essas medidas devem “furar” o “teto dos gastos” neste ano, aumentando o rombo nas contas públicas. Tal possibilidade pressionou o mercado de juros na semana passada, recompondo prêmios ao longo de quatro sessões, com os riscos fiscais levando os investidores a antecipar o ciclo de alta da Selic.

Esse movimento não impediu que o Ibovespa saltasse para a faixa dos 125 mil pontos, com a renda variável brasileira surfando na “onda azul” dos EUA. O dólar, por sua vez, subiu mais de 4% apenas nos cinco primeiros dias úteis de 2021, ficando acima de R$ 5,40, refletindo a busca por proteção na moeda norte-americana.

Semana de agenda intensa

Em meio a todo esse noticiário político, ainda assim, merecem atenção os dados econômicos previstos para esta semana. Tanto no Brasil quanto no exterior serão conhecidos números sobre a atividade e a inflação ao final de 2020. Destaque ainda para a participação dos presidentes dos bancos centrais dos EUA (Fed), Jerome Powell, e da zona do euro (BCE), Christine Lagarde, em eventos. Na safra de balanços, saem os resultados trimestrais do JPMorgan, Citigroup e Wells Fargo.

Confira a seguir os principais destaques desta semana, dia a dia:

*Horários de Brasília

Segunda-feira: A semana começa com as tradicionais publicações nacionais do dia, a saber, o boletim Focus (8h25), do Banco Central, e os primeiros números de 2021 da balança comercial (15h). No exterior, o calendário econômico está esvaziado.

Terça-feira: A agenda econômica doméstica traz como destaque o resultado da inflação oficial ao consumidor (IPCA) em dezembro e no acumulado de 2020. Também será conhecida a primeira prévia deste mês do IGP-M. Lá fora, o calendário segue fraco.

Quarta-feira: A agenda doméstica segue em destaque trazendo, desta vez, o desempenho do setor de serviços em novembro, além dos dados atualizados da safra agrícola até dezembro. No exterior, as divulgações, enfim, ganham força, com a inflação ao consumidor norte-americano (CPI) e a produção industrial na zona do euro. Entre os eventos de relevo, a presidente do BCE, Christine Lagarde, participa de uma videoconferência.

Quinta-feira: O calendário econômico no Brasil perde força, o que desloca as atenções para o exterior, onde os bancos centrais dos EUA e da zona do euro roubam a cena, com a participação do presidente do Fed, Jerome Powell, em um evento e a publicação da ata da reunião de dezembro do BCE. No fim do dia, é esperada a divulgação da balança comercial chinesa em dezembro e no acumulado de 2020.

Sexta-feira: A semana chega ao fim com o anúncio do desempenho das vendas no varejo brasileiro e nos EUA, além dos dados da indústria norte-americana. Ainda por aqui, também será conhecido o primeiro IGP do mês, o IGP-10.

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