O mercado financeiro realizou lucros ontem (22). Trata-se de um típico movimento em que os investidores colocam no bolso os ganhos recentes. Depois de alcançar novos topos históricos por três pregões seguidos, o Ibovespa perdeu fôlego e caiu 0,95%. Já o dólar cravou a maior alta percentual do ano e disparou 2%, voltando à faixa de R$ 5,60.
Além de realizar lucros, os investidores também aproveitaram a sessão para montar posições defensivas, em meio à cautela que antecede o discurso do presidente do Federal Reserve em Jackson Hole (11h). O risco é Jerome Powell não dar nenhuma pista sobre o rumo da taxa de juros nos Estados Unidos.
Aliás, foi exatamente isso o que ele fez nas duas edições anteriores. Nas ocasiões, ele não sinalizou o ritmo do aperto mais rápido e intenso da história do Fed nem indicou o fim do ciclo, um ano depois. Daí porque os investidores buscaram proteção em ativos seguros. A incorporação de prêmios na curva local de juros realçou o clima de aversão ao risco.
Fala, Powell
Nesta sexta-feira (23), porém, os mercados amanheceram mais dispostos. O sinal positivo vindo dos futuros dos índices das bolsas de Nova York embala os ativos brasileiros no exterior, com o EWZ (NYSE:EWZ) indicando uma recuperação da bolsa brasileira hoje. Nos ADRs, o destaque fica com a Petrobras (NYSE:PBR), que acompanha a alta nos preços do barril de petróleo.
Ou seja, ao que tudo indica, o movimento da véspera foi passageiro e o mercado retoma a trajetória de alta que tem sido a marca deste mês. A manutenção do rumo do dia vai depender do discurso de Powell no fim da manhã. A ver se ele ao menos confirma a indicação da ata da reunião do Fed em julho.
O documento da quarta-feira (21) deixou clara a disposição dos membros votantes do colegiado em promover o primeiro corte nos juros dos EUA em mais quatro anos em breve, tirando a taxa do maior nível deste século. Para alguns, a queda já deveria ter ocorrido. Daí porque a chance de ocorrer em setembro está acima de 70%, mas à dose mínima, de 0,25 ponto.
A ansiedade do mercado é sobre o que virá depois. Para isso, talvez seja necessário aguardar a divulgação do gráfico de pontos (dot plot) ao final do encontro do Fed no mês que vem. Até lá, as apostas de quedas adicionais por lá e um aperto da taxa Selic aqui devem ditar a dinâmica dos negócios - ainda que um ou outro sejam improváveis.