É inacreditável. Mesmo o mais pessimista não poderia imaginar a esta altura uma bomba de tamanha dimensão.
Michel Temer não tem saída. O Brasil tem. A quinta-feira, 18 de maio de 2017, será marcada inevitavelmente pelo pânico no mercado financeiro. Os indícios vindos dos EUA, como o índice (NYSE:EWZ), que reflete as ações brasileiras negociadas no exterior despencando 11%, dão o tom do que esperar no pregão de amanhã.
É uma ruptura institucional sem precedentes. Nem mesmo Collor ou Dilma, os presidentes que passaram por processos de impedimento pós-redemocratização foram implodidos de forma tão devastadora. Temer ainda não renunciou. Deveria. Prolongar a insegurança institucional pode efetivamente atrapalhar os avanços recém conquistados, além de agravar materialmente a própria situação do atual Presidente.
A Bolsa brasileira tende a abrir em queda aguda, inclusive com potencial de acionar o sistema de proteção, chamado de "circuit breaker", que impede que o mercado desintegre, interrompendo as negociações visando proteger o sistema. O dólar pode apresentar comportamento de supervalorização e o mercado de juros futuros mostrar alto nível de stress.
Quais são os principais efeitos práticos?
- Ações: Venda massiva, principalmente daquelas ligadas ao poder público, como Petrobras (SA:PETR4), Banco do Brasil (SA:BBAS3), além dos papéis do sistema financeiro e aquelas diretamente ligadas às commodities.
- Dólar: Abertura do mercado em forte alta, com Real sendo muito desvalorizado em função da ruptura do projeto de estabilização e do alcance potencial da bomba que implodiu Brasilia.
- Títulos Públicos: Dia pode ser muito volátil para os títulos públicos atrelados à inflação e com relação direta com a trajetória dos juros, principalmente as NTN-B's.
O que fazer?
- A tendência natural é de reagir acompanhando o espasmo e o pânico instaurado. Abrimos este texto afirmando "Michel Temer não tem saída. O Brasil tem!". A situação demanda serenidade e frieza. Temos sucessivamente ressaltado que o fundamento sobrepõe o fluxo, quanto mais seguimos a linha do tempo.
- Cada investidor deve reconhecer a sua necessidade de liquidez e a sua condição de aguardar a estabilização do quadro. Não há materialidade de comprometimento sistêmico do mercado brasileiro, ou seja, a forte queda que deverá ser observada amanhã não apaga o renascimento da economia que vem sendo registrado e está formalizado nos balanços do primeiro trimestre e nos dados de atividade. O longo prazo não acaba amanhã!
- A opção de "liquidar" suas posições imediatamente só deve ser adotada por aqueles que NÃO possam absorver as perdas e que não têm condições de aguardar a re-estabilização do ambiente e por consequência, dos preços de todos os ativos.
- Para aqueles investidores com disponibilidade de recursos e tempo, o pânico e a iminente queda aguda pode abrir oportunidade tão sem precedentes quanto o desmantelamento do esquema.
É fundamental compreender qual o caminho que teremos que andar rumo à nova realidade. Quando bradamos em defesa da justiça e contra a corrupção, pedimos por isso. A verdadeira TRANSFORMAÇÃO implica em obrigatoriamente destruir um modelo apodrecido e que nunca escolheu partido, mas que corrompeu por completo as entranhas e a maioria massiva das relações público e privadas.
Ainda não sabemos se as eleições serão diretas ou indiretas, muito menos quais serão os candidatos. Sabe-se que o Presidente, mais uma vez interino, será Rodrigo Maia, como manda a Constituição Federal.
O debate acontecerá mais uma vez sobre os destinos do país. Desta vez estarrecidos e com a necessidade de respirar para tomar cada decisão com a convicção de quem efetivamente sabe que ao final, seguiremos em frente. Michel Temer e o sistema corrupto não têm saída.
O Brasil achou a saída! Estamos vivendo a história!
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto."
Ruy Barbosa