JBS: Ainda Vale a Pena Comprar Frigoríficos?

Publicado 18.12.2019, 16:30
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Neste artigo vou explicar o porquê de eu ter comprado JBS (SA:JBSS3), mesmo após alta de mais de 100% neste ano. Continuo confiante que a companhia entregara bons resultados nos próximos trimestre e ainda tem capacidade para surfar o surto da gripe suína Africana. Bora lá então!

QUEM É A JBS?

Rapidamente, José Batista Sobrinho (JBS (SA:JBSS3) rs) foi o fundador da companhia em 1953. Durante a década de 70 até 2001 teve a expansão da sua companhia através de aquisições e aumento de produtividade. Em 2007 abriu seu capital na B3 e entrou no mercado Americano e Australiano. Possuí presença global em 15 países e mais de 400 unidades de produção e escritórios. Até hoje a companhia continua com a estratégia de aquisições (como Seara, Zenda, Moy Pork, Grupo Primo, Cargill, Plumrose, GNP e Tulip) para sustentar seu crescimento.

Fonte: Apresentação Institucional 3T19 – JBS (SA:JBSS3)

UM NOVO COMEÇO

A companhia teve um passado obscuro, não podemos negar isso. Esteve envolvido em um dos maiores escândalos de corrupção do país, envolvendo até ex-presidentes. Porém, muita coisa já veio à tona, acordos de leniências já foram firmados e a companhia está bem menor (mas continua uma gigante) e mais enxuta do que era antes.

Eu entendo, algumas coisas ainda podem aparecer. Vide a última notícia do BNDS pedindo mais R$11 bilhões do já que tinha sido acordado (antes era R$10 bilhões)… Mas ao meu ver, não creio que venha à tona algo mais importante do que já tenha aparecido sobre a empresa.

Sendo assim, chegamos a uma “nova companhia” com outro management por trás e ainda sim, a segunda maior empresa do setor do mundo em termos de receita líquida, atrás somente da Nestlé:

Fonte: Apresentação Institucional 3T19 – JBS (SA:JBSS3)

Mas Breno, como ela funciona, o que ela vende? Pois bem, ela é dívida em 5 unidades de negócios:

  • JBS (SA:JBSS3) USA BEEF: Produção de Carne Bovina nos EUA, Canadá e Austrália. Responsável por 43% da receita líquida (3T19) e 40% do EBITDA (3T19);
  • JBS (SA:JBSS3) USA PORK: Produção de carne suína e produtos de maior valor agregado nos EUA. Responsável por 11% da receita líquida (3T19) e 12% do EBITDA (3T19);
  • PILGRIM’S PRIDE: Produção de frango e alimentos preparados nos EUA, México, Porto Rico e Europa. Responsável por 21% da receita líquida (3T19) e 28% do EBITDA (3T19);
  • SEARA: Produção de alimentos preparados, aves e suínos in natura no Brasil. Responsável por 10% da receita líquida (3T19) e 11% do EBITDA (3T19);
  • JBS (SA:JBSS3) BRASIL: Produção de carne bovina no Brasil, além de couros e outros negócios relacionados. Responsável por 15% da receita líquida (3T19) e 9% do EBITDA (3T19).
  • Ficando claro o que ela vende e isso é essencial para qualquer investidor entender como determinada companhia ganha dinheiro. Podemos avançar para um ponto que é interessante, notem que 75% da receita líquida da companhia vem do exterior e apenas 25% é do Brasil, logo, um dólar mais forte é favorável para companhia, pois grande parte da sua receita é dolarizada.

    OPORTUNIDADES A VISTA

    A empresa está para surfar uma demanda cada vez maior dos países asiáticos e agora parte da Europa por conta da Gripe Suína Africana. Para quem não sabe, a peste já dizimou milhares de porcos na china, a principal produtora mundial.

    A retirada de oferta de porcos no mundo (só a China já tem queda de 17% na produção de porcos no ano) e a grande demanda ainda por este tipo de alimento, abriu uma oportunidade de ouro a todos os frigoríficos do mundo. JBS (SA:JBSS3) está entre uma das mais preparadas para aproveitar esse surto devido ao seu tamanho e por conter plantas em vários países. Além disso, o aumento da população global e o crescimento do consumo de proteínas tende a impulsionar o setor nos próximos anos.

    Os impactos estão ficando mais claros agora, China tem atingindo sua menor produção histórica de porcos. Exportações crescerem mais de 12% YoY, entretanto, exportações para China cresceram 37% YoY e o preço em USD para eles aumentou em 29% YoY em novembro com um prêmio de exportação de 21% (a um ano atrás era de 14%, alta de 7p.p.).

    No gráfico abaixo é possível ver que os preços estão aumentando, assim como os volumes para o país asiático:

    Existem outros dois eventos que são interessantes para a companhia. Um deles é a saída do BNDES (via BNDSpar), que hoje detém 21,3% das ações da companhia. Desde o anúncio da intenção do Banco Nacional, suas ações que já estavam acima de 30 reais, acumulam queda de cerca de 24%… Acho que já ta um bom desconto não é mesmo? Por isso, creio que JBS (SA:JBSS3) neste preço é bastante atraente.

    O terceiro e último evento, seria a listagem da sua parte Global nos EUA. Como comentado anteriormente, cerca de 75% das receitas da companhia já vem do exterior, essa listagem lá fora precificaria melhor os ativos da companhia e assim fica uma comparação mais justa entre seus concorrentes. Porém, ainda está em fase muito inicial e sem muitos detalhes (continuaremos acompanhando).

    OPERACIONAL, COMO VAI?

    No ano em geral, JBS (SA:JBSS3) tem apresentado um resultado muito melhor em relação aos anos anteriores. Depois de sofrer pressões devido as investigações, a companhia tem apresentado um resultado muito mais confiante. Vou me ater a falar somente do 3T19, para não ficar muito longo.

    Fonte: Release JBS (SA:JBSS3) – 3T19

    Sua receita atingiu R$ 52,2 bilhões no 3T19, com alta de 5,6% YoY. Enquanto isso, o EBITDA cresceu 33% com margem de 11,3%. O maior destaque do trimestre foi o segmento da JBS (SA:JBSS3) US BEEF, que teve se beneficiou por conta do incêndio ocorrido em uma de suas principais concorrentes, a Tyson Foods.

    Seara surfou também os impactos positivos da Gripe Suína Africana. Sua receita líquida ficou em R$ 5,4 bilhões, alta de 7,4% YoY. Esse resultado foi fortemente impactado graças ao aumento dos preços de venda, o que compensou a redução no volume de exportação no período (carne e frango). Porém, carne de porco teve aumento alta de 19% nas exportações

    US PORK foi uma surpresa. Margem EBITDA (Ex-IFRS16) foi para 8% no 3T19. Receita líquida foi de U$ 1,5 bilhão, com alta de 8,4% YoY.

    Além disso, a companhia gerou um FCF (Fluxo de Caixa Livre) de R$ 3,7 bilhões, alta de 61,6% vs 3T18 (isso representa um 21% de Yield anualizado, é muita coisa!). Sua alavancagem caiu para 2,5x em reais, o que demonstra que a companhia está reduzindo o seu endividamento.

    MEU OUTLOOK PARA JBSS3 (SA:JBSS3)

    O pior parece já ter ficado para trás. A companhia tem entregado um forte fluxo de caixa livre de dois dígitos (13% LTM), está pegando um “boom” de demanda pelos seus produtos que devem favorecer ela pelos próximos 2 anos (assim espero! rs) e tem grande potencial de desalavancagem para os próximos trimestres.

    Seu valuation está também atrativo:

    Seus papeis estão negociando para 2020 a 8x lucros e 5x EV/EBITDA, enquanto a média do setor está negociando quase 11x lucros e 8,1x EV/EBITDA, respectivamente. Não obstante, outras métricas também estão indicando um desconto em relação ao setor, o que me gera mais margem de segurança para entrar no ativo. A faixa azul indica o quanto EU acho que ela deveria negociar.

    Era isso, valeu!

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