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O que Explica o Rali de Mais de 400% nas Ações da Tesla?

Publicado 06.07.2020, 09:58
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O desempenho das ações da Tesla (NASDAQ:TSLA) não lembra em nada a performance dos papéis de outras empresas fabricantes de automóveis. O valor de mercado da montadora de carros elétricos está prestes a triplicar neste ano, ao mesmo tempo em que as maiores fabricantes automotivas dos EUA lutam para sobreviver ao choque de demanda provocado pelo coronavírus, que reduziu drasticamente os gastos com consumo.

TSLA Weekly TTM

Há apenas um ano, as ações da Tesla eram negociadas em torno de US$ 235, dando à fabricante de veículos elétricos sediada em Palo alto, Califórnia, um valuation de cerca de US$ 40 bilhões. No fechamento do pregão da última quinta-feira, a ação estava precificada em mais de US$ 1.208.

Com uma capitalização de mercado de US$ 224 bilhões, a Tesla ultrapassou a Toyota (NYSE:TM) como fabricante automotiva mais valiosa do planeta.

Muitos fatores contribuíram para essa extraordinária virada. Talvez o mais significativo seja a capacidade cada vez maior da Tesla de vender carros elétricos por muito mais do que seu custo de fabricação. Em um recente e-mail enviado aos colaboradores, o fundador da companhia, Elon Musk, sugeriu que a Tesla deve apresentar um trimestre estável, mesmo com sua principal planta na Califórnia fechada por causa da pandemia de coronavírus durante boa parte do período.

Impulsionando ainda mais a incrível força das ações da Tesla, dados de vendas trimestrais divulgados na quinta-feira mostraram que a companhia entregou 90.650 carros aos clientes nos três meses encerrados em junho, superando a estimativa média dos analistas de cerca de 83.000.

Os papéis da Tesla dispararam 9,7%, para US$ 1.228, depois da notícia. O papel fechou o pregão da véspera do feriado nos EUA cotado a US$ 1.208,66. Esses ganhos aumentaram ainda mais o valuation da Tesla, cujas ações são agora negociadas a 320 vezes as estimativas de resultados dos analistas para o ano. Na história recente, nenhuma fabricante automotiva atingiu um valor de mercado tão alto quanto a Tesla, de Elon Musk.

Mas, há um ano, a empresa estava em uma profunda crise. A companhia não parava de queimar caixa, os rendimentos dos seus títulos estavam nas alturas e sua estratégia de varejo estava uma verdadeira bagunça. Em março de 2019, a fabricante automotiva tinha apenas US$ 2,2 bilhões em caixa, em comparação com os US$ 8 bilhões de agora. O que explica, então, o fato de a companhia ter revertido tão rápido essa situação?

Clara liderança no mercado de veículos elétricos

Um fator importante que ajudou na rápida virada da Tesla foi a percepção da comunidade de investidores de que seria difícil desafiar a Tesla no futuro próximo, graças ao predomínio da empresa no mercado de veículos elétricos.

De acordo com a Cairn Energy Research Advisors, uma consultoria especializada em pesquisa de baterias de veículos elétricos, a Tesla tem uma clara liderança na construção de baterias mais potentes a um custo menor. A engenharia da Tesla abriu vantagem frente à concorrência por usar células cilíndricas de bateria mais avançadas, além de um sistema de gestão de energia mais eficiente, que compõe o software que controla o conjunto de baterias do veículo.

Dan Ives, analista da Wedbush Securities, que definiu o maior preço-alvo de Wall Street para a Tesla a US$ 1.250, acredita que a recente disparada em suas ações é justificada, em razão da expectativa de aceleração nas vendas de carros elétricos nos próximos 12 a 18 meses, além de maiores inovações de baterias com a inauguração da sua planta Giga 3.

“Em nossa opinião, essa entrega de 90.000 veículos em um ambiente de confinamentos gerados pela covid é de cair o queixo. Os investidores devem considerar esse feito como uma mudança de paradigma daqui para frente", declarou Ives em uma nota na semana passada.

“Tudo indica que a China é a estrela do show; vem de lá a maior parte da força no 2o tri, com base nos dados da indústria e das nossas análises."

Ives afirmou que a demanda do Model 3 no país asiático “continua sendo um raio resplandecente para a Tesla em um obscuro ambiente macro global”.

Em nossa visão, é difícil justificar essas vitórias da Tesla, apesar da sua liderança no mercado de veículos elétricos.  O preço-alvo médio dos analistas está mais de 40% abaixo do patamar atual.

Até mesmo o Musk, CEO da empresa, sugeriu que o preço das suas ações está alto demais. Com cerca de 90.000 carros entregues no segundo trimestre, a Tesla ainda está atrás de onde estava há um ano, quando registrou entregas de mais de 95.000 veículos para o mesmo período.

Os resultados do primeiro trimestre divulgados em abril mostraram um pequeno lucro líquido de US$ 16 milhões, graças a um recorde de US$ 354 milhões em vendas de crédito regulatório. O fluxo de caixa livre da Tesla ficou negativo em US$ 895 milhões no trimestre, e a empresa não reiterou suas projeções feitas em janeiro, quando disse que “ultrapassaria com folga” 500.000 entregas.

Resumo

Operar vendido nas ações da Tesla já mostrou ser uma estratégia perdedora, mas os investidores devem observar que o preço da ação da companhia se aproxima agora da perfeição. Dessa forma, não seria uma má ideia diminuir um pouco o risco se você tem participação na empresa.

Lembre-se, a jornada da Tesla até seu patamar atual não aconteceu em linha reta. Desde 2018, ocorreram duas ondas de venda que castigaram os investidores com uma queda de cerca de 50% em cada oportunidade.

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